Entre em nosso grupo
2
Continua depois da publicidade
Marisa Monte é um dos principais nomes do MPB | Wikimedia Commons
Marisa Monte, a voz suave e calma que aquieta corações na MPB, construiu uma carreira sólida com letras que tocam em nossos sentimentos mais íntimos e profundos.
Continua depois da publicidade
Entre seus grandes sucessos está "Vilarejo", faixa do álbum Infinito Particular (2006), que rapidamente nos transporta para um lugar de paz e harmonia, questionando o nosso papel na busca por um mundo melhor.
Lançada em 2006, "Vilarejo" é muito mais do que uma melodia suave sobre um paraíso utópico. A canção fala, principalmente, sobre esperança e a transformação pessoal necessária para alcançar um estado de dignidade e tranquilidade, contrastando com as mazelas do dia a dia.
Assim, a proposta da diva da MPB é clara: refletir sobre as responsabilidades individuais na construção de um ambiente mais harmonioso. Para mergulhar nesse universo poético, é crucial analisar como Marisa Monte usou a letra para pintar o cenário desse local idealizado.
Continua depois da publicidade
A análise da canção começa com a descrição de um lugar idílico, onde "Há um vilarejo ali / Onde areja um vento bom". A letra, de imediato, situa o ouvinte neste cenário agradável e sem grandes preocupações, onde "o mundo tem razão" e o coração pode ficar em paz, livre de discussões.
A partir daí, Marisa Monte descreve um ambiente de fartura e conforto, onde a vida é agradável e sem grandes preocupações. A cantora afirma que no vilarejo "Peitos fartos, filhos fortes / Sonhos semeando o mundo real", indicando uma vida digna e saudável, reforçando a ideia de que este é o lugar onde "o paraíso se mudou para lá".
Em um dos versos mais impactantes, a cantora utiliza opostos para reforçar a universalidade da paz: "Toda gente cabe lá / Palestina, Xangri-Lá".
Continua depois da publicidade
A menção à Palestina, repleta de conflitos, e a Xangri-Lá, uma referência a um paraíso literário escondido no Tibet, sugere que neste vilarejo ideal os conflitos não existem, e todos podem coexistir.
Além disso, o trecho serve como uma crítica singela, mas profunda, aos horrores da guerra. A artista opta por ressaltar a poesia e a sensibilidade em toda a composição.
No vilarejo, "Lá o tempo espera / Lá é primavera" e as pessoas podem deixar "Portas e janelas ficam sempre abertas / Pra sorte entrar", reforçando a ausência de medo e a existência de uma vida plena.
Continua depois da publicidade
No entanto, o paraíso descrito não é apenas geográfico. A própria Marisa Monte comentou sobre a composição, em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, e disse que "Vilarejo" fala sobre transformação interior.
A cantora enfatiza que a responsabilidade pela mudança não deve ser cobrada apenas do governo, mas de cada indivíduo. A artista defende a reflexão sobre o que é possível fazer no dia a dia para tornar a vida melhor.
"Acho que o indivíduo é a sociedade", disse ela, defendendo que qualquer um pode "ser esse lugar se trabalhar as suas questões internas e se transformar visando a sua própria evolução." Portanto, cuidar do "nosso" interior é o primeiro grande avanço rumo a esse lugar de paz.
Continua depois da publicidade
Assim, "Vilarejo" não recefere a uma cidade ou local real, mas a um estado de espírito.
Quem assiste ao clipe da música pode se sentir confuso com o forte contraste em relação à letra serena. Produzido por Andrucha Waddington, Paulo de Barros e Ricardo Della Rosa, o vídeo exibe imagens de guerra, destruição, fome e armas, mostrando uma situação oposta à retratada na canção.
De fato, a voz doce de Marisa Monte nos convida a imaginar um mundo melhor e a manter a esperança, mesmo diante do completo caos exibido no vídeo. Essa tensão entre a poesia da letra e a dura realidade das imagens reforça a crítica da artista e a urgência da transformação pessoal e social.
Continua depois da publicidade
Continua depois da publicidade