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Neurociência e Filosofia se unem para entender a origem e o mistério da nossa atividade mental | Imagem gerada por IA
A pergunta "do que é feito o pensamento" parece simples, mas sua resposta leva a uma complexa jornada entre a neurociência, que examina nossos neurônios, e a filosofia da mente, que tenta decifrar a natureza da nossa experiência subjetiva.
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Longe de ser apenas um processo biológico estático, o pensamento emerge como um fenômeno dinâmico e multifacetado, essencial para tudo o que fazemos, desde raciocinar até sentir.
Este enigma milenar exige a união de diferentes campos do conhecimento para mapear as complexas camadas que compõem a nossa atividade mental.
Especialistas concordam que definir o pensamento não é tarefa fácil: ele pode ser um processo dinâmico (como a solução de problemas e o raciocínio lógico) ou um estado mental estático (como uma crença ou um sistema de ideias).
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Essa ambiguidade conceitual é o ponto de partida para qualquer investigação profunda sobre a origem da cognição, ressaltando que o pensamento atua como um mediador causal de nossos comportamentos e intenções.
As últimas décadas trouxeram avanços impressionantes que superaram as limitações do behaviorismo, provando que o comportamento humano é mediado por fatores internos, e não apenas por estímulos externos.
Hoje, sabemos que a composição do pensamento se divide em três dimensões cruciais, que abordam onde, o que e como sentimos: o substrato físico, a arquitetura funcional e a natureza fenomênica.
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Portanto, a base física do pensamento reside no cérebro. A neurociência oferece a resposta mais direta sobre a composição física: o pensamento é, fundamentalmente, um fenômeno realizado pela atividade eletroquímica coordenada do nosso Sistema Nervoso Central (SNC).
Ele não é feito de uma substância estática, mas da dinâmica e dos padrões de fluxo de informação entre os neurônios, principalmente nas sinapses. Quanto mais mielinizadas as fibras nervosas, mais rápida e eficiente é a transmissão dessa informação.
Essa composição é inerentemente dinâmica e está em constante reconfiguração, um conceito conhecido como neuroplasticidade. A cada novo aprendizado, a cada experiência, novas conexões neurais são adicionadas. Isso significa que o conteúdo do pensamento — nossas crenças, memórias e habilidades — está codificado nessa arquitetura sináptica em evolução.
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Além disso, o pensamento racional não é um processo frio e isolado. As neurociências demonstram que ele está inseparavelmente integrado com as emoções, a memória e a aprendizagem.
O córtex pré-frontal, crucial para o planejamento e o julgamento, trabalha em conjunto com o sistema límbico, que processa a valência emocional, provando que a modulação afetiva é um componente constituinte do nosso raciocínio e tomada de decisões.
Entretanto, olhar apenas para a biologia não explica tudo. Uma das abordagens mais influentes da ciência cognitiva trata o pensamento como um sistema de processamento de informação. A Teoria Computacional da Mente (TCM) estabelece que o cérebro funciona como um hardware e a mente é o software.
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Nessa visão, pensar é, essencialmente, uma forma de computação: o pensamento é feito de processamento de informação, envolvendo a incorporação, transformação e armazenamento de dados.
Essa arquitetura se baseia em modelos mentais, que são representações internas que manipulamos para prever estados futuros ou explicar o funcionamento do mundo. O Funcionalismo defende que o que constitui o pensamento é a função que ele exerce (o papel causal nos processos algorítmicos), e não a substância física que o realiza.
Contudo, essa visão funcional enfrenta um desafio filosófico crucial. A Teoria Computacional da Mente é excelente para a lógica e o raciocínio, mas não consegue explicar a semântica, ou seja, o significado e a intencionalidade.
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O famoso Argumento do Quarto Chinês ilustra essa falha: alguém que segue regras estritamente sintáticas para manipular símbolos não necessariamente os compreende. Isso sugere que o pensamento, em sua composição plena, deve ser feito de semântica, algo que vai além da simples manipulação de dados.
O maior mistério reside na natureza fenomênica do pensamento: a experiência subjetiva, também conhecida como “qualia”. Por que a atividade neuronal gera internamente o "como é ser" algo? Sentir a dor latejante ou a clareza da cor vermelha são vivências que resistem à descrição puramente física ou eletroquímica. Essa dificuldade é o que os especialistas chamam de Lacuna Explicativa (Explanatory Gap).
Essa lacuna persiste porque a composição do pensamento inclui elementos qualitativos que não podem ser explicados pelos termos objetivos da neurociência. A fronteira final, conhecida como o Problema Duro da Consciência (Hard Problem), é descobrir se a experiência subjetiva é apenas uma propriedade emergente do físico ou um componente fundamental e irredutível do próprio pensamento.
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Além disso, o pensamento é influenciado pelo ambiente. O pensamento não é uma ilha isolada. A percepção sensorial fornece o material bruto, e a linguagem atua como uma ferramenta estrutural. A Hipótese Sapir-Whorf postula que a língua que falamos influencia significativamente a maneira como pensamos.
Evidências empíricas mostram que a categorização linguística pode modificar nossa percepção, provando que a composição do pensamento inclui um forte componente culturalmente determinado, onde as estruturas socio-linguísticas internalizadas atuam como filtros para a organização do material biológico.
Em suma, a jornada para entender a composição do pensamento nos leva a uma síntese de três naturezas. A análise neurofilosófica conclui que a atividade mental é composta por:
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A complexidade do pensamento emerge da interação entre essas três naturezas, indicando que ele é muito mais do que a soma de suas partes. A busca por leis que unifiquem o material e o qualitativo continua, mantendo o pensamento humano como o grande mistério a ser desvendado pela ciência e pela filosofia. Qual dessas naturezas te parece a mais fascinante?
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