Endometriose: novo teste caseiro promete diagnosticar a doença em apenas 10 minutos

A endometriose, uma condição inflamatória crônica que afeta muitas mulheres, pode em breve ser diagnosticada de forma muito mais rápida e acessível. Pesquisadores da Universidade Estadual da Pensilvânia, nos Estados Unidos, desenvolveram um teste caseiro capaz de detectar a doença com resultado em até 10 minutos.

Um dispositivo, semelhante a um teste de gravidez, foi criado pela equipe do professor Dipanjan Pan. Ainda em fase de protótipo, o exame se baseia na detecção de um biomarcador específico, a proteína HMGB1, presente no sangue menstrual de mulheres com endometriose.

“Esta é a primeira vez que temos um teste de gravidez com prova de princípio que mostra que é possível coletar sangue menstrual e analisá-lo na privacidade de casa e obter os resultados em 10 minutos”, disse Pan.

Segundo a revista americana Newsweek, o novo teste tem potencial para revolucionar o diagnóstico da doença, que hoje pode levar de sete a dez anos para ser identificado corretamente, dependendo do acesso aos cuidados de saúde.

Mais sensibilidade que testes laboratoriais

A proposta do exame é detectar a proteína HMGB1 com até 500% mais sensibilidade do que os métodos tradicionais. Atualmente, o diagnóstico depende de uma combinação de histórico clínico, exames de imagem e, nos casos mais conclusivos, cirurgia laparoscópica.

“Embora o sangue menstrual ainda não seja uma ferramenta diagnóstica padrão para endometriose, é uma área ativa de pesquisa com o potencial de revolucionar a forma como a condição é diagnosticada e monitorada no futuro”, explicou Pan.

O professor destaca que o sangue menstrual é muitas vezes negligenciado na medicina e até mesmo estigmatizado, mas pode conter informações valiosas.

“Com a nossa tecnologia, esperamos democratizar a saúde da mulher, fornecendo uma ferramenta essencial para rastrear o início ou a progressão desta doença, com a conveniência e a privacidade de casa.” disse o médico ao  portal Newsweek.

Inovação tecnológica com material biocompatível

O diferencial do novo teste está em seu material de base: o borofeno. Trata-se de um derivado do boro -um composto que tem propriedades como alta condutividade elétrica, capacidade de transporte de elétrons e propriedades mecânicas, elétricas, ópticas, térmicas e semicondutoras - biocompatível e biodegradável.

A técnica criada pela equipe de Pan produz nanofolhas puras desse material utilizando apenas água, substituindo os solventes tradicionais que poderiam interferir em aplicações médicas.

Nesse material, os cientistas fixaram anticorpos capazes de identificar a HMGB1. Quando o sangue menstrual é aplicado à tira de teste, caso haja a proteína, ela se liga aos anticorpos e escurece a linha, exibindo um resultado positivo. A resposta visual segue o mesmo padrão de testes de gravidez, uma linha para negativo, duas para positivo.

Menor tempo e custo benefício

“Um estudo recente descobriu que o custo médio para uma mulher com endometriose era de cerca de trinta mil doláres por ano. Esse enorme fardo financeiro pode ser reduzido se um teste preciso feito em casa estiver disponível”, afirma o professor.

Os pesquisadores testaram o dispositivo com diferentes concentrações da proteína e comprovaram que ele consegue detectá-la mesmo em níveis baixos. “Nossa tecnologia, uma vez desenvolvida, pode reduzir drasticamente o tempo de diagnóstico de anos para minutos”, afirmou Pan.

Próximos passos e aplicações futuras

A equipe busca agora financiamento e parcerias para avançar com estudos clínicos e ampliar a produção dos kits. O plano é tornar o teste acessível ao público geral, com custo reduzido e possibilidade de aplicação em casa.

Há ainda a possibilidade de integrar a tecnologia a absorventes menstruais, tornando o monitoramento ainda mais discreto e prático. O grupo também pretende expandir o uso da técnica para detectar outros marcadores de doenças, como HPV e câncer do colo do útero.

Se aprovado e comercializado, o teste ajudará no combate à endometriose, reduzindo atrasos no diagnóstico e permitindo que mulheres iniciem o tratamento mais cedo com menos sofrimento.