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Nova pesquisa revela como o papagaio-verdadeiro estendeu a vida por meio de adaptações celulares | Alessandra Thompson/Wikimedia Commons
Um dos animais mais longevos do planeta vive no Brasil e esconde, em suas células, segredos que começam a ser desvendados apenas agora.
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Com cerca de 35 centímetros e penas vibrantes, o papagaio-verdadeiro chama atenção não só pelo colorido, mas também pela longevidade acima da média. É comum que ultrapasse 60 anos, e não são raros os casos que chegam aos 80, algo incomum entre aves silvestres.
Outras espécies brasileiras também chamam atenção por características extremas, como a maior ave de rapina do mundo, que é brasileira e as espécies de aves mais queridas no Brasil, o que ajuda pesquisadores a comparar padrões de evolução e comportamento entre diferentes pássaros.
A descoberta sobre o papagaio surge após pesquisadores sequenciarem o genoma completo da ave e encontrarem pistas que ajudam a explicar sua impressionante vitalidade.
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A pesquisa liderada pelo biólogo brasileiro Cláudio Vianna de Mello, da Universidade de Saúde e Ciência do Oregon, buscou entender como esse processo acontece. Para isso, a equipe realizou o sequenciamento completo do genoma da espécie, revelando mais de 300 genes possivelmente ligados ao envelhecimento lento.
Segundo a Revista Fapesp, entre eles, destaca-se o gene Tert, responsável por codificar uma proteína da enzima telomerase. O estudo diz que a telomerase impede que os cromossomos se deteriorem durante a divisão celular, o que pode explicar a manutenção saudável das células ao longo dos anos.
A análise mostrou que, nesses papagaios, a telomerase atua de forma mais ativa, retardando processos que costumam acelerar o envelhecimento em outras aves. Essa proteção extra reduz danos celulares e pode prolongar o funcionamento de tecidos essenciais.
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Além disso, os cientistas também identificaram mutações associadas a mecanismos de reparo no DNA. Essas mutações, mais frequentes na espécie, ajudam a corrigir falhas que surgem naturalmente durante a vida e que, se acumuladas, podem levar a doenças ou à perda de vitalidade.
O estudo apontou ainda genes ligados ao controle da proliferação celular e à resposta ao estresse oxidativo do sistema imune. Essas adaptações, presentes no genoma do papagaio, atuam como uma defesa adicional contra danos diários.
Para entender se o fenômeno era exclusivo da espécie, o genoma do papagaio-verdadeiro foi comparado ao de 30 outras aves, incluindo a araracanga, que também é longeva. As diferenças encontradas surpreenderam a equipe.
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Regiões específicas de DNA que divergem do padrão observado em outras aves podem estar associadas à capacidade cognitiva elevada do papagaio-verdadeiro.
Segundo os pesquisadores, trechos regulatórios ligados ao desenvolvimento do cérebro apresentam variações que podem ter favorecido habilidades cognitivas e sociais ao longo da evolução.
Esse conjunto de características, aliado à longevidade, contribuiu para que a espécie se tornasse uma das mais estudadas quando o assunto é saúde celular e envelhecimento natural.
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Além da genética, o visual da espécie também chama atenção. As fêmeas apresentam plumagem vermelho-alaranjada com um anel externo avermelhado na íris. Os machos, de bico negro, exibem detalhes amarelo-alaranjados ao redor dos olhos, o que ajuda na identificação e no estudo populacional.
Essas diferenças permitem que pesquisadores acompanhem grupos ao longo do tempo e entendam melhor como indivíduos se comportam durante a vida, já que muitos deles sobrevivem por décadas na natureza.
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