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O que as múmias tatuadas da Antiguidade revelam sobre crenças, curas e rituais de povos antigos | Imagem ilustrativa gerada por IA
Você já pensou no que uma tatuagem pode dizer sobre quem você é? Muito além da estética ou de uma homenagem, as tatuagens contam histórias — e algumas começaram há mais de 5 mil anos.
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Pesquisadores descobriram que essa forma de expressão atravessa o tempo e a pele: das montanhas geladas da Europa aos desertos do Egito, múmias tatuadas mostram como povos antigos usavam a tinta para curar dores, expressar fé e marcar posição social.
Essas marcas preservadas por milênios provam que tatuar o corpo era muito mais do que um ato decorativo. Segundo artigo publicado no National Geographic, era uma forma de comunicação, proteção e identidade que sobreviveu ao passar dos séculos.
A história conhecida das tatuagens começa com Ötzi, o “Homem do Gelo”, encontrado nos Alpes em 1991. Datada de mais de 5 mil anos, sua pele guarda 61 linhas tatuadas feitas com carvão vegetal.
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Cada marca parece ter um propósito — algumas próximas a articulações doloridas, possivelmente usadas para aliviar dores.
Outras tatuagens em seu corpo, com formas geométricas, sugerem funções rituais. Isso indica que a tatuagem já tinha valor espiritual no período Neolítico. Mesmo assim, o verdadeiro motivo das marcas de Ötzi continua um mistério arqueológico.
O corpo congelado desse homem pré-histórico continua a intrigar cientistas que, sem evidências adicionais, ainda não sabem se ele se tatuava por fé, cura ou tradição.
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Séculos depois, no Egito, a arte de tatuar ganhou novos significados. Múmias datadas de 3350 a.C. revelaram desenhos impressionantes: touros selvagens, ovelhas e símbolos misteriosos. São as tatuagens figurativas mais antigas conhecidas da África.
Essas marcas provavelmente indicavam status social, coragem ou vínculo com rituais religiosos. As diferenças entre as tatuagens de homens e mulheres sugerem papéis distintos dentro das antigas hierarquias egípcias.
Em outro achado, uma mulher com mais de 30 tatuagens — entre elas flores de lótus e o Olho de Hórus — foi encontrada no Vale dos Reis. Acredita-se que ela fosse uma sacerdotisa ligada à deusa Hathor, símbolo do céu e da fertilidade.
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A prática da tatuagem também se espalhou pelas Américas. Uma múmia da cultura Chinchorro, no Chile, exibia pontos pretos sob o nariz, talvez relacionados a rituais de proteção. Já no México, a chamada “múmia tolteca” apresentava desenhos geométricos que podiam indicar ritos de iniciação.
Na Ásia, tatuagens foram encontradas em múmias da Bacia do Tarim, na China, datadas de até 2100 a.C. Muitas delas tinham tatuagens nas mãos e no rosto, indicando que o costume era comum em diferentes culturas da região.
Em entrevista ao National Geographic, a historiadora de tatuagens Svetlana Pankova defende mais pesquisas sobre o tema e afirma que, com novas análises, é provável que mais tatuagens sejam descobertas nas múmias do Tarim.
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Mesmo após séculos de estudos, a origem exata da tatuagem humana continua envolta em mistério. O tempo, o clima e a escassez de corpos preservados dificultam o rastreamento dessa prática ancestral.
Ainda assim, o que já se sabe é fascinante: desde a cura de dores até a devoção espiritual, as tatuagens sempre fizeram parte da experiência humana. Cada nova descoberta arqueológica acrescenta mais um traço à história dessa arte milenar.
Hoje, ao escolher uma tatuagem, talvez estejamos, sem perceber, continuando uma tradição que começou muito antes das máquinas modernas — uma linguagem silenciosa que atravessa os séculos e continua gravada na pele e na memória.
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