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Entre sombras de árvores, água corrente e esculturas silenciosas, a fonte permanece como símbolo de amizade, memória cultural e da capacidade de São Paulo de acolher o mundo | Divulgação/Sub-prefeitura de Vila Mariana
Localizada a poucos passos do Parque Ibirapuera, a Praça Cidade de Milão é um refúgio verde que convida ao descanso em meio ao ritmo acelerado da capital paulista.
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Mas, além da tranquilidade que oferece aos visitantes, o local guarda uma história que une São Paulo à Itália, atravessa o tempo e envolve arte renascentista, diplomacia cultural e até um episódio marcado por certo “pudor” típico de outra época.
O centro da praça abriga a Fonte Milão, um monumento que vai muito além de sua beleza evidente. A estrutura traz réplicas de quatro esculturas criadas por Michelangelo para o túmulo de Giuliano de Médici, na Capela dos Médici, em Florença.
As figuras representam as alegorias dos quatro momentos do dia: A Noite, A Aurora, O Crepúsculo e O Dia. Curiosamente, na versão paulistana, a disposição das esculturas não segue a ordem original concebida pelo artista italiano.
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A chegada da fonte a São Paulo está diretamente ligada a um acordo firmado em março de 1962. Na época, as prefeituras de São Paulo e Milão assinaram um pacto de irmandade, passando a ser consideradas “cidades-gêmeas”.
Como gesto simbólico desse laço de cooperação e amizade, a praça foi rebatizada como Praça Cidade de Milão, e o monumento renascentista foi instalado como presente da cidade italiana à capital paulista.
A iniciativa reforçou o vínculo cultural entre os dois centros urbanos e homenageou a expressiva comunidade italiana que ajudou a moldar a identidade de São Paulo.
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Embora inspirada em uma das mais grandiosas obras do Renascimento, a fonte paulistana traz uma adaptação peculiar. Durante a instalação, as figuras masculinas, que originalmente aparecem nuas nas esculturas de Michelangelo, foram parcialmente “vestidas”.
Em São Paulo, as genitálias foram cobertas por folhas de parreira — um gesto atribuído ao que muitos críticos de arte consideraram um “pudor provinciano” da época.
O detalhe virou um episódio curioso da história cultural paulistana, revelando como a nudez artística ainda despertava desconforto no início dos anos 1960.
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Com o passar dos anos, a Fonte Milão passou por diferentes processos de restauração. A primeira grande intervenção ocorreu em 1988, com apoio da iniciativa privada.
Já em 2003, o monumento foi novamente restaurado com recursos enviados diretamente pela cidade de Milão, reforçando o laço diplomático e cultural entre as duas metrópoles.
Hoje, a Fonte Milão segue como um cartão-postal discreto, mas cheio de significado. É um ponto de encontro para moradores, espaço de contemplação para visitantes e uma aula a céu aberto sobre arte renascentista — mesmo que reinterpretada sob a ótica paulistana da década de 1960.
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Entre sombras de árvores, água corrente e esculturas silenciosas, a fonte permanece como símbolo de amizade, memória cultural e da capacidade de São Paulo de acolher o mundo — até mesmo Michelangelo, ainda que com um toque de folha de parreira.
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