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A réplica de Michelangelo no coração de São Paulo que foi 'censurada' nos anos 60

Instalada após um acordo entre São Paulo e Milão em 1962, a fonte abriga réplicas de esculturas de Michelangelo e guarda um episódio curioso marcado por censura artística

Raphael Miras

20/10/2025 às 11:43

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Entre sombras de árvores, água corrente e esculturas silenciosas, a fonte permanece como símbolo de amizade, memória cultural e da capacidade de São Paulo de acolher o mundo

Entre sombras de árvores, água corrente e esculturas silenciosas, a fonte permanece como símbolo de amizade, memória cultural e da capacidade de São Paulo de acolher o mundo | Divulgação/Sub-prefeitura de Vila Mariana

Localizada a poucos passos do Parque Ibirapuera, a Praça Cidade de Milão é um refúgio verde que convida ao descanso em meio ao ritmo acelerado da capital paulista.

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A chegada da fonte a São Paulo está diretamente ligada a um acordo firmado em março de 1962. Foto: Divulgação/Prefeitura regional de Vila Mariana
A chegada da fonte a São Paulo está diretamente ligada a um acordo firmado em março de 1962. Foto: Divulgação/Prefeitura regional de Vila Mariana
Na época, as prefeituras de São Paulo e Milão assinaram um pacto de irmandade, passando a ser consideradas "cidades-gêmeas". Foto: Wikimedia Commons
Na época, as prefeituras de São Paulo e Milão assinaram um pacto de irmandade, passando a ser consideradas "cidades-gêmeas". Foto: Wikimedia Commons
Embora inspirada em uma das mais grandiosas obras do Renascimento, a fonte paulistana traz uma adaptação peculiar. Durante a instalação, as figuras masculinas, que originalmente aparecem nuas nas esculturas de Michelangelo, foram parcialmente "vestidas". Foto: Wikimedia Commons
Embora inspirada em uma das mais grandiosas obras do Renascimento, a fonte paulistana traz uma adaptação peculiar. Durante a instalação, as figuras masculinas, que originalmente aparecem nuas nas esculturas de Michelangelo, foram parcialmente "vestidas". Foto: Wikimedia Commons

Mas, além da tranquilidade que oferece aos visitantes, o local guarda uma história que une São Paulo à Itália, atravessa o tempo e envolve arte renascentista, diplomacia cultural e até um episódio marcado por certo “pudor” típico de outra época.

Réplica de Michelangelo no coração de SP

O centro da praça abriga a Fonte Milão, um monumento que vai muito além de sua beleza evidente. A estrutura traz réplicas de quatro esculturas criadas por Michelangelo para o túmulo de Giuliano de Médici, na Capela dos Médici, em Florença.

As figuras representam as alegorias dos quatro momentos do dia: A Noite, A Aurora, O Crepúsculo e O Dia. Curiosamente, na versão paulistana, a disposição das esculturas não segue a ordem original concebida pelo artista italiano.

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Um presente de irmandade entre metrópoles

A chegada da fonte a São Paulo está diretamente ligada a um acordo firmado em março de 1962. Na época, as prefeituras de São Paulo e Milão assinaram um pacto de irmandade, passando a ser consideradas “cidades-gêmeas”.

Como gesto simbólico desse laço de cooperação e amizade, a praça foi rebatizada como Praça Cidade de Milão, e o monumento renascentista foi instalado como presente da cidade italiana à capital paulista.

A iniciativa reforçou o vínculo cultural entre os dois centros urbanos e homenageou a expressiva comunidade italiana que ajudou a moldar a identidade de São Paulo.

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A curiosidade que virou anedota cultural

Embora inspirada em uma das mais grandiosas obras do Renascimento, a fonte paulistana traz uma adaptação peculiar. Durante a instalação, as figuras masculinas, que originalmente aparecem nuas nas esculturas de Michelangelo, foram parcialmente “vestidas”.

Em São Paulo, as genitálias foram cobertas por folhas de parreira — um gesto atribuído ao que muitos críticos de arte consideraram um “pudor provinciano” da época.

O detalhe virou um episódio curioso da história cultural paulistana, revelando como a nudez artística ainda despertava desconforto no início dos anos 1960.

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Preservação e renovação ao longo das décadas

Com o passar dos anos, a Fonte Milão passou por diferentes processos de restauração. A primeira grande intervenção ocorreu em 1988, com apoio da iniciativa privada.

Já em 2003, o monumento foi novamente restaurado com recursos enviados diretamente pela cidade de Milão, reforçando o laço diplomático e cultural entre as duas metrópoles.

Patrimônio afetivo e ponto de contemplação

Hoje, a Fonte Milão segue como um cartão-postal discreto, mas cheio de significado. É um ponto de encontro para moradores, espaço de contemplação para visitantes e uma aula a céu aberto sobre arte renascentista — mesmo que reinterpretada sob a ótica paulistana da década de 1960.

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Entre sombras de árvores, água corrente e esculturas silenciosas, a fonte permanece como símbolo de amizade, memória cultural e da capacidade de São Paulo de acolher o mundo — até mesmo Michelangelo, ainda que com um toque de folha de parreira.

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