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A Anomalia Magnética do Atlântico Sul (Amas) intriga cientistas e moradores | Divulgação/ESA
A anomalia sobre o Brasil desperta discussões, especialmente sobre sua influência em tecnologias e missões espaciais. Em entrevista à Rádio Brasil, dr. Luís Benf, geofísico do Observatório Nacional, esclarece o fenômeno e seus efeitos, oferecendo uma perspectiva crucial para entendermos esse mistério.
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Recentemente, a Anomalia Magnética do Atlântico Sul (AMAS), uma vasta área sobre o Brasil onde o campo magnético da Terra se mostra mais fraco, ganhou destaque.
Notícias sobre um suposto crescimento da anomalia impulsionaram a busca por esclarecimentos sobre seus verdadeiros riscos. Afinal, a AMAS está crescendo de fato e qual o impacto disso em nosso dia a dia?
A palavra "anomalia" por si só já indica um desvio: um local onde os valores do campo magnético são diferentes da média.
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"O termo anômalo significa diferente, anormal. Nesse caso, uma anomalia magnética é então um local cujo os valores são diferentes da média de outros medidos em qualquer quaisquer outros lugares", explica o dr. Luís Benf.
O campo geomagnético terrestre atua como um escudo protetor para o nosso planeta, repelindo partículas carregadas vindas do Sol.
Contudo, na região da AMAS, "a intensidade do campo magnético é particularmente fraca", permitindo que partículas solares de alta energia "mergulhem muito mais profundamente até a superfície".
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A principal preocupação com a AMAS reside nos danos que a radiação das partículas solares pode causar.
"Dessa maneira, a radiação de partículas na região da Amas pode danificar instrumentos diversos, especialmente de satélites ou de estações espaciais", afirma o Dr. Benf.
Isso pode, inclusive, comprometer a segurança de astronautas que estejam fora das cápsulas.
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Além de sua fraqueza, a AMAS se destaca como a maior anomalia magnética do mundo, tanto em intensidade quanto em extensão.
Seu impacto foca primordialmente na tecnologia espacial, exigindo que satélites e naves espaciais que cruzam essa região operem em modo de segurança ou se desliguem temporariamente para evitar avarias.
Sim, a AMAS está localizada sobre o Brasil, o que naturalmente gera preocupação entre os brasileiros. No entanto, o centro da anomalia é dinâmico e se desloca constantemente. "Essa anomalia ela se desloca com uma velocidade relativamente grande", observa o dr. Benf.
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Historicamente, o centro da AMAS já esteve na África no final dos anos 1590. Nos últimos cinco séculos, ela atravessou o Atlântico.
"Há poucas décadas, ela tinha o seu centro sobre o território brasileiro", e "há mais ou menos 15 anos, o centro dessa anomalia estava sobre Assunção no Paraguai e atualmente ela está no norte de da Argentina."
O Observatório Nacional tem um papel fundamental no estudo e monitoramento da AMAS.
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"O Observatório Nacional praticamente faz a medição dessa da da dos efeitos dessa anomalia, desde que ela não era muito conhecida", destaca o dr. Benf. A AMAS existe há milhões de anos, mas foi apenas com o início da era espacial, em 1958-1959, que pôde ser melhor observada.
O Observatório registra as variações do campo magnético sobre o território brasileiro há quase 200 anos. Estações magnéticas operam ininterruptamente desde 1915 em Vassouras (RJ) e desde 1957 na Ilha de Tatuoca (PA).
Essas medições são vitais para a obtenção das famosas cartas magnéticas, essenciais para navegações aérea, marítima e espacial.
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