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Chan Chan sofre com erosão causada por ventos, chuvas e o fenômeno El Niño | Divulgação
O vento salgado do Oceano Pacífico atravessa a planície arenosa entre Trujillo e Huanchaco, na costa norte do Peru. Ali se estende Chan Chan, a maior cidade pré-colombiana das Américas e o maior centro urbano do mundo construído quase inteiramente em adobe.
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De tom terroso, confundindo-se com o próprio deserto, o sítio arqueológico revela uma civilização que alcançou seu auge entre os séculos XII e XV e que hoje tenta sobreviver às intempéries.
À primeira vista, o visitante encontra uma paisagem irregular, marcada por muralhas desgastadas e silhuetas difíceis de reconhecer. Mas, ao atravessar seus limites, torna-se evidente a complexa estrutura urbana que organiza até nove cidadelas interligadas.
Cada uma funcionava como um palácio real, com áreas cerimoniais, depósitos, pátios e plataformas funerárias onde eram deixadas oferendas que, em alguns casos, incluíam sacrifícios humanos.
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O trajeto conduz por corredores altos, marcados por frisos geométricos e figuras de animais. Peixes, lontras marinhas e aves aparecem repetidamente, símbolos de uma sociedade que dependia intensamente dos recursos marítimos em uma região de agricultura limitada.
No Palácio Nik An, o mais preservado, longas sequências de relevos mostram fileiras de guerreiros de mãos dadas, enquanto muralhas externas exibem aranhas gigantes, possivelmente associadas a rituais de fertilidade e chuva.
A cultura Chimú venerava a lua e o mar, ignorando o sol, referência central dos Incas que mais tarde dominariam a região. A escolha não surpreende em uma costa frequentemente encoberta pela neblina, onde a luz solar plena é rara durante boa parte do ano.
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Apesar de sua importância, o local carece de sinalização uniforme, o que torna as visitas independentes menos elucidativas.
Guias credenciados, no entanto, oferecem contexto arqueológico e histórico detalhado, explicando desde a organização política dos Chimú até o impacto das mudanças climáticas em sua eventual decadência.
Esse último ponto é, hoje, a maior preocupação das autoridades peruanas. Chan Chan enfrenta uma batalha contínua contra o El Niño, que provoca chuvas intensas, ventos e tempestades capazes de corroer paredes, relevos e estruturas cerimoniais.
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Por isso, proliferam telhados de proteção que destoam da paisagem, mas são essenciais para manter o que resta deste patrimônio.
Parte dos achados foi transferida para o museu local, mas grande parte das estruturas originais só existe no próprio sítio, que um dia abrigou cerca de 35 mil habitantes.
A cor original dos relevos se perdeu com o tempo, embora réplicas coloridas ajudem a reconstituir a complexa iconografia Chimú.
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Mesmo diante dos desafios, Chan Chan segue como um dos maiores testemunhos de criatividade, engenharia e resiliência pré-colombiana.
Uma cidade que, apesar de parecer se desfazer como um cubo de açúcar diante do Pacífico, continua resistindo para contar sua história às próximas gerações.
**Texto com informações do portal La Vanguardia.
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