Maior túnel urbano do Brasil tem 3.382 metros, cruza 3 bairros, tem duas galerias com 3 faixas cada

O Rio de Janeiro concentra em um único eixo duas das maiores obras de transporte rodoviário do país. O Túnel Prefeito Marcello Alencar, com 3.382 metros, é apontado pelo poder público como o maior túnel rodoviário urbano do Brasil.

Ele une a Ponte Rio-Niterói e a Avenida Brasil ao Aterro do Flamengo, formando um corredor subterrâneo capaz de ligar o Centro à zona portuária com agilidade e alta capacidade.

Conexão estratégica entre porto, centro e orla

Construído sob a região central, o túnel forma um trajeto contínuo entre a zona portuária e a orla do Aterro. Ele atravessa os bairros do Centro, Gamboa e Saúde. O traçado sai de uma área próxima ao Caju e chega até a Avenida Alfred Agache, região do Santos Dumont.

Segundo projetistas, a ligação reforçou os acessos da BR-101, o Centro e a orla sul. A via subterrânea permitiu reorganizar o trânsito que antes dependia do antigo Elevado da Perimetral, desativado e demolido, dentro do projeto de reurbanização do Porto Maravilha para distribuir o tráfego e aliviar os pontos críticos da malha central.

Estrutura do túnel: galerias e capacidade de tráfego

O sistema é formado por duas galerias paralelas. A galeria Mar, no sentido Caju → Ponte Rio-Niterói, tem 3.382 metros. A galeria Continente, no sentido Aterro/Vila Olímpica → Zona Sul, mede 3.370 metros. Cada uma conta com três faixas, totalizando seis pistas.

Estimativas da época da inauguração indicavam capacidade para até 110 mil veículos por dia. A divisão em duas galerias ajuda a manter a fluidez mesmo em horários de pico, embora os dados atuais de volume não sejam divulgados regularmente.

Sistemas de segurança e operação

O túnel conta com ventiladores, sensores, baias de emergência e sala de controle dedicada. A operação é monitorada por câmeras ao longo de toda extensão, integrando o sistema do Porto Maravilha e o centro de operações de trânsito da cidade.

Segundo técnicos, esse aparato permite resposta rápida a incidentes e ajustes de sinalização. A velocidade máxima permitida é 80 km/h em trechos retos. Em condições normais, a travessia completa dura cerca de dois minutos e meio.

Existem restrições de circulação para caminhões, pedestres e ciclistas, salvo exceções autorizadas em eventos especiais pela prefeitura. Periodicamente, janelas noturnas de manutenção são realizadas, sempre comunicadas pela autoridade de trânsito.

O túnel no contexto do Porto Maravilha

O Túnel Prefeito Marcello Alencar faz parte das intervenções do Porto Maravilha, que transformaram a área entre o Centro e a zona portuária. A demolição do Elevado da Perimetral reconfigurou o trânsito de superfície e abriu espaço para novos percursos de pedestres e para a implantação do VLT, além da reurbanização da orla.

A primeira galeria foi liberada em 2016, depois de quase quatro anos de obras. Dias depois, a segunda galeria entrou em operação, completando o eixo subterrâneo que substituiu a ligação elevada.

A ponte Rio-Niterói no contexto metropolitano

A Ponte Presidente Costa e Silva, conhecida como Ponte Rio-Niterói, tem 13,29 quilômetros, sendo a maior ponte do país. Inaugurada em 1974, ela integra a BR-101 e estabelece a ligação direta entre o Rio e Niterói, recebendo cerca de 150 mil veículos por dia, segundo relatórios da concessionária responsável pela via.

Esse volume de tráfego reforça a importância da integração entre a ponte e os acessos urbanos do Rio, como o túnel Marcello Alencar.

Corredor integrado entre ponte, Avenida Brasil e aterro

A união entre ponte, Avenida Brasil e túnel cria um corredor contínuo que conecta áreas populosas da região metropolitana. Veículos vindos da Ponte Rio-Niterói têm acesso imediato à Avenida Brasil, à Linha Vermelha e ao eixo subterrâneo em direção ao Aterro do Flamengo.

Especialistas em mobilidade urbana apontam que essa configuração amplia alternativas de deslocamento e reduz a dependência de rotas de superfície. As intervenções redefiniram o tráfego na região portuária e liberaram espaço para novos usos urbanos, especialmente nos trechos revitalizados do Centro.