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Segundo especialistas, essas frutas carregam proteínas com estrutura semelhante às encontradas no látex | Foto: Reprodução/Pexels
O que une o mamão, a banana, o abacate, o figo, o melão e o kiwi ao látex da seringueira? Segundo especialistas, essas frutas carregam proteínas com estrutura semelhante às encontradas no látex da Hevea brasiliensis, planta usada na produção de borracha natural.
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A essa reação, conhecida como “síndrome látex-fruta”, dá-se o nome de reatividade cruzada. “A quimopapaína, presente no látex do mamão, pode causar esse tipo de resposta no organismo.
Há pessoas alérgicas à borracha que também desenvolvem sintomas ao consumir mamão ou outras frutas com proteínas similares”, explica Gabriela Justamante Händel Schmitz, pesquisadora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da Universidade de São Paulo, em entrevista ao Jornal da USP.
Gabriela explica que uma proteína chamada cisteína protease, presente no látex da seringueira, possui uma sequência de aminoácidos quase idêntica à da quimopapaína. Essa similaridade pode enganar o sistema imunológico de pessoas alérgicas.
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“Se eu tenho alergia à borracha de uma luva, por exemplo, meu corpo pode reagir da mesma forma ao ingerir frutas como o mamão, o figo ou o abacate, por causa dessas proteínas semelhantes”, alerta.
Em pessoas alérgicas ao látex, o corpo produz anticorpos do tipo imunoglobulina E (IgE) específicos para as proteínas da seringueira. Ao ingerir um alimento com proteínas parecidas, como o mamão, essas IgEs podem reconhecê-lo como uma ameaça.
“A proteína do mamão se encaixa nos mesmos anticorpos que reagem ao látex, desencadeando os mesmos sintomas, como coceira, inchaço ou até crises mais graves”, afirma a pesquisadora.
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Conforme a ciência avança, novas proteínas semelhantes às da seringueira vêm sendo encontradas em frutas. “O diagnóstico é complicado, especialmente em crianças. Estamos mapeando novos alérgenos.
No mamão, por exemplo, já identificamos cinco, mas é provável que existam muitos outros ainda não descritos”, afirma Gabriela.
A pesquisadora ressalta que não são apenas frutas que geram essa resposta cruzada. “Muitos brasileiros têm alergia tanto à mandioca quanto ao látex. Há uma pesquisa desenvolvida no Hospital das Clínicas que investiga exatamente essa associação”, conta.
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O látex da casca do mamão contém uma enzima chamada papaína, bastante conhecida por suas propriedades digestivas, anti-inflamatórias e bactericidas. Apesar dos benefícios, essa substância também é um alérgeno bem caracterizado, identificado como Cari p papain.
“É importante lembrar que quem tem alergia ao mamão pode reagir não só à papaína, mas também a outras proteínas da fruta ainda não descobertas”, completa.
Segundo Gabriela, o látex é uma defesa natural das plantas contra predadores e condições adversas. “O mamoeiro, assim como outras espécies vegetais, produz substâncias com ação biológica.
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Como essas substâncias são criadas para proteger a planta, elas podem ser tóxicas em grandes quantidades, inclusive para nós”, explica a pesquisadora.
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