Cientistas da USP descobrem que bairro de São Paulo foi construído em cratera de meteoro

Há mais de 5 milhões de anos, um meteorito de 200 metros de largura atingiu a Terra e deixou uma marca impressionante: uma cratera de 3,6 km de diâmetro. Hoje, no mesmo local, existe um bairro de São Paulo.

Vargem Grande, na Zona Sul da Capital, foi construída sobre essa formação rara, descoberta por cientistas na década de 1960. O local é tão único que se tornou um parque protegido.

A chamada cratera de Colônia é uma das apenas cinco estruturas do tipo no Brasil e uma das mais próximas de uma área urbana no mundo. Sua borda elevada chega a 120 metros de altura, escondendo uma história que ainda intriga pesquisadores.

O impacto que mudou a paisagem de SP

O meteorito que criou a cratera de Colônia atingiu a região em um período entre 36 milhões e 5 milhões de anos atrás. O choque foi tão violento que escavou o solo a quase 300 metros de profundidade.

Com o tempo, a natureza se recuperou, mas a marca do impacto permaneceu. Hoje, a área abriga o bairro de Vargem Grande, onde vivem cerca de 40 mil pessoas muitas sem saber que estão sobre um fenômeno geológico raro.

A descoberta científica só aconteceu em 1961, quando pesquisadores da USP publicaram os primeiros estudos sobre a depressão circular. Desde então, a cratera virou objeto de pesquisas internacionais.

Por que essa cratera é tão especial?

Além de sua proximidade com a cidade, a cratera de Colônia é um verdadeiro laboratório a céu aberto. Cientistas estudam como a Mata Atlântica se recuperou após o impacto e como espécies evoluíram no local.

Atualmente, universidades como USP, Unicamp e institutos franceses realizam escavações no local. O objetivo é desvendar segredos sobre a formação geológica e a biodiversidade da região.

O governo de São Paulo tombou a área e criou o Parque Natural Municipal Cratera de Colônia em 2007. A medida visa proteger o local, que já sofreu com ocupações irregulares e desmatamento.

Um patrimônio natural escondido

A cratera de Colônia é tão rara que só existem cerca de 70 estruturas similares no mundo. No Brasil, além dela, há apenas outras quatro confirmadas. Sua importância histórica e científica é inegável.

Quem visita o parque pode observar a borda elevada da cratera e a vegetação que se adaptou ao terreno. O local é um convite para refletir sobre a força da natureza e como eventos cósmicos moldaram nosso planeta.