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A descoberta levanta o alerta de que a seca e as condições extremas causadas pela crise climática podem aumentar futuras mortes da espécie. | Pexels
A causa da misteriosa e súbita morte em massa de elefantes africanos foi finalmente desvendada pela ciência. Entre o final de agosto e novembro de 2020, 35 elefantes no noroeste do Zimbábue morreram em circunstâncias intrigantes, sendo que 11 desses enormes animais faleceram em um período de apenas 24 horas.
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A pesquisa baseada em amostras de 15 animais falecidos no Zimbábue revelou que a causa foi uma infecção bacteriana. A análise, publicada em outubro no jornal Nature Communications, mostrou evidências de infecção por uma bactéria pouco conhecida, a Bisgaard taxon 45, que causou septicemia, ou seja, envenenamento do sangue.
Chris Foggin, veterinário e coautor do estudo, descreveu o evento como único, visto que tantos animais morreram muito próximos, mas não exatamente juntos, em um período de tempo tão restrito. Os autores sugerem que o calor, a seca e a alta densidade populacional foram fatores contribuintes para a propagação.
As mortes coincidiram com a estação seca, quando os recursos de alimento e água estavam escassos, forçando os elefantes a percorrerem longas distâncias para se alimentar e beber. A população de elefantes já enfrenta pressão significativa devido à perda de habitat e à caça furtiva.
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Os cientistas alertam que as condições extremas que devem ocorrer com mais frequência devido ao aquecimento global podem aumentar a probabilidade de futuras mortes de elefantes. Foggin afirma: "É prematuro dizer que a mudança climática influenciou [isso], mas pode fazê-lo no futuro se tivermos mais secas prolongadas".
A Bisgaard taxon 45 é um microrganismo que ainda não tem um nome oficial reconhecido. Antes disso, ela havia sido associada a feridas causadas por mordidas de tigres e leões em seres humanos, além de ser encontrada em papagaios saudáveis.
A bactéria tem uma relação próxima com a *Pasteurella multocida*, que causa septicemia hemorrágica em outros animais, incluindo elefantes asiáticos. Essa bactéria também foi ligada à morte em massa de 200.000 antílopes saiga no Cazaquistão em 2015.
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Os pesquisadores encontraram Bisgaard taxon 45 em seis das 15 amostras analisadas, mas a degradação das carcaças prejudicou a detecção em outros animais. Não houve evidência de caça furtiva, veneno ou antraz nas mortes dos elefantes.
Além da má qualidade inicial das amostras, conseguir as licenças necessárias para exportar o material e realizar a análise levou meses. Este atraso impactou o trabalho laboratorial, dificultando a confirmação da bactéria em todos os casos.
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