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Descoberta arqueológica expõe tesouro raro e revela detalhes de um naufrágio que intrigou especialistas por cinco séculos. | Reprodução/youtube
Um dos achados arqueológicos mais impressionantes das últimas décadas surgiu longe do mar: no meio de um deserto africano. O Bom Jesus, navio português desaparecido em 1533, foi encontrado carregado de ouro após cinco séculos desaparecido.
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Escavado na costa da Namíbia, o navio reapareceu em 2008 durante operações de mineração de diamantes. A embarcação estava soterrada sob a areia e preservava dois mil moedas de ouro puro e toneladas de barras de cobre, grande parte ainda intacta.
A história ganhou força quando pesquisadores confirmaram que o naufrágio correspondia ao Bom Jesus, que zarpou de Lisboa rumo à Índia e nunca chegou ao destino. A história foi publicada pelo site greekreporter.com.
O navio emergiu na região de Sperrgebiet, conhecida como “território proibido”, devido às restrições impostas pelas operações de diamantes iniciadas no período colonial alemão. O que parecia apenas mais um naufrágio virou manchete mundial quando um baú de ouro foi encontrado logo na primeira semana de escavações.
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Segundo o arqueólogo-chefe Dr. Dieter Noli, do Instituto de Pesquisa Arqueológica Marinha da África Austral, a equipe esperava localizar vestígios de embarcações antigas, pois o litoral namibiano é marcado por tempestades intensas.
Mas o tesouro encontrado mudou a escala da descoberta. “Isso acrescenta um novo significado ao conceito de o navio ter sido carregado de ouro”, afirmou Noli à News Com, da Austrália.
Além das moedas, os pesquisadores identificaram tigelas de bronze, longas hastes metálicas que depois foram reconhecidas como canhões, e até um mosquete com mais de quinhentos anos.
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Estudos indicam que o Bom Jesus foi arrastado para muito perto da costa por uma tempestade violenta, colidiu com rochas e afundou. Com a força das águas e o recuo constante da maré ao longo dos séculos, os destroços acabaram ficando expostos no deserto.
Apesar da violência do naufrágio, quase não foram encontrados restos humanos. Fragmentos ósseos isolados sugerem que parte da tripulação sobreviveu ou foi levada pelo mar.
A partir dos artefatos, especialistas concluíram que o navio fazia parte de um novo tipo de embarcação portuguesa, mais resistente e desenhada para viagens longas, comuns nas rotas comerciais com a Índia.
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Os objetos que surgiram com o navio revelam um retrato raro das expedições portuguesas do século XVI. Entre os itens descobertos estavam:
Pesquisadores explicam que tanto o cobre quanto o ouro eram extremamente valiosos na época. O metal vermelho servia como moeda de troca para rotas comerciais na Índia, enquanto o ouro financiava as longas expedições marítimas portuguesas.
Estudos publicados por equipes de arqueologia marítima indicam que cargas desse tipo eram comuns nas rotas que ligavam Lisboa ao oeste da Índia, reforçando a tese de que o navio estava em plena missão comercial quando naufragou.
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Durante as escavações, surgiram instrumentos astronômicos utilizados para navegação, além de itens de defesa e ferramentas da tripulação. Para os especialistas, a variedade do material indica que o navio estava bem equipado para uma longa jornada.
A presença de moedas pouco desgastadas foi um dos fatores que ajudou a confirmar a origem portuguesa da embarcação. O formato e os símbolos gravados correspondiam às moedas cunhadas em Lisboa no início do século XVI.
A escassez de relatos históricos sobre o Bom Jesus fez da descoberta uma peça-chave para preencher lacunas sobre navegadores portugueses que seguiram rumo ao Oriente no período áureo das grandes navegações.
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O local onde o navio foi encontrado permanece sob forte segurança da empresa de mineração De Beers, em parceria com o governo da Namíbia. A área segue com acesso controlado, assim como ocorria na época da exploração intensiva de diamantes.
A construção de um museu chegou a ser cogitada, mas ainda não há confirmação de que o acervo será exposto ao público. Por enquanto, os artefatos seguem protegidos e estudados por arqueólogos, que tentam reconstruir a trajetória completa da embarcação.
Mesmo sem visitação aberta, o Bom Jesus já é considerado o mais valioso e antigo naufrágio encontrado na costa oeste da África Subsaariana. Seu conteúdo preservado por cinco séculos faz da embarcação uma verdadeira cápsula do tempo das grandes rotas portuguesas.
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A descoberta reforça como mudanças naturais, como avanço de dunas e recuo de marés, podem guardar grandes surpresas arqueológicas. Ela também ajuda a entender parte da história da expansão marítima europeia.
Ao revelar moedas, instrumentos náuticos e armamentos raros, o Bom Jesus se consolida como um dos mais significativos achados dos últimos anos — e um lembrete de como o deserto pode esconder histórias que antes pertenciam apenas ao mar.
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