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Arqueólogos concordam que os geoglifos são "parte integrada do espaço sagrado de Nazca" | Reprodução YouTube | Jeff Quesnel Travels
Em seis meses, a inteligência artificial ajudou pesquisadores a identificarem 303 novas Linhas de Nazca — grandes desenhos feitos por civilizações antigas da América Latina. As descobertas aceleraram a compreensão da antiga cultura do Peru.
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Os imensos desenhos foram esculpidos entre 200 a.C. e 650 d.C. — mostram animais, plantas e possuem padrões geométricos. Até o início de 2024, diversas imagens passaram despercebidas, mas uma combinação de pesquisa com IA mudou o panorama da arqueologia.
Levou um século para que os cientistas encontrassem 430 desenhos conhecidos como Linhas de Nazca, localizadas no Peru. A complexidade das imagens intrigou inúmeros pesquisadores: figuras complexas de animais e formas geométricas precisas.
A civilização Nazca antecede os Incas. São conhecidos não só pelos geoglifos (imagens gigantes), mas também pelos aquedutos subterrâneos, cerâmica e tecidos complexos.
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Porém, no segundo semestre de 2024, o uso de drones e IA revolucionou a descoberta de geoglifos. A máquina foi treinada para identificar padrões de desenhos enquanto os drones captaram uma enorme quantidade de imagens, 303 no total.
“Com um drone, é possível percorrer vários quilômetros em um dia. O que antes levava três ou quatro anos, agora pode ser feito em dois ou três dias”, disse Johny Isla, arqueólogo-chefe do Peru para as Linhas de Nazca, em entrevista ao The Guardian.
Mesmo assim, a IA conseguiu identificar figuras menores das encontradas anteriormente. Todas têm entre três a sete metros.
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O maior geoglifo da região tem 370 metros de comprimento. O sítio arqueológico é Patrimônio Mundial da Unesco e seus desenhos ocupam 50 quilômetros quadrados.
As figuras representam animais e humanoides. Os arqueólogos sugerem que as descobertas em 2024 foram feitas em um período mais recente que as encontradas antes da IA.
“Podemos dizer que esses geoglifos foram feitos por humanos para humanos, pois geralmente mostram cenas da vida cotidiana. Já os geoglifos do período de Nazca são figuras gigantescas feitas em superfícies quase sempre planas para serem vistas por seus deuses”, disse Isla ao The Guardian.
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O arqueólogo-chefe que confirmou a descoberta publicada na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (Pnas), prof. Masato Sakai acredita que muitas das figuras formavam caminhos ritualísticos — procissões cerimoniais para se conectar com os deuses.
De qualquer forma, não existe um consenso sobre a motivação dos Nazca para fazer as imagens. Alguns defendem que elas fazem parte do calendário astronômico, outros que eram usadas para a comunicação, para agricultura e irrigação, ou até mesmo expressão artística.
Independente do motivo, os desenhos estão localizados em um planalto desértico, na costa sul do Peru. O clima seco e solo infértil para agricultura permitiram que os geoglifos resistissem por milênios.
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A imagem não foi esculpida na pedra. O solo — arenoso e claro — foi coberto por uma camada superficial de seixos escuros. As pessoas retiravam os seixos para formar linhas, o contraste ficava maior depois que os pedregulhos deslocados eram empilhados em outras áreas.
A doutora da Universidade de Southampton, Reino Unido, desenvolve ferramentas de IA para pesquisas arqueológicas. Para ela, o aprendizado de máquina deve ser confirmado por humanos: "A IA não é perfeita, especialmente em arqueologia".
A tecnologia deve funcionar como parceira e não substituta. A expansão não só revolucionou o setor de antropologia, como também expandiu os vestígios de uma civilização que nasceu há 1.500 anos.
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