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Içá ou Tanajura é a formiga (fêmea) saúva responsável pela perpetuação da espécie | Reprodução Youtube | Prato Arado Kitchen
No mês de novembro, os moradores de Silveiras, interior de São Paulo, esperam o sol depois de um momento de trovoada para capturar içás — ou tanajuras. A prática cultural não é só um divertimento, ela faz parte do processo de produção do prato farofa de içá.
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Ocílio José Ferraz, dono da Fazenda do Tropeiro, foi quem resgatou a tradição de consumir farofa de içá. Membro da Academia Brasileira de Gastronomia, cozinheiro e escritor, Ferraz afirma que até turistas vão à cidade para participar da caça.
As formigas capturadas são vendidas por até R$ 20 o quilo, e o principal comprador é Ocílio Ferraz, que utiliza o inseto para abastecer o seu restaurante dentro da fazenda. A demanda ficou tão grande que ele passou a exportar a farofa para outros estados através dos Correios.
Por outro lado, alguns moradores de Silveiras guardam e limpam a tanajura para comer o ano todo. “É antibiótico natural e afrodisíaco”, contou Ferraz ao jornal O Estado de S. Paulo.
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A prática atrai moradores de outras cidades e resgata a cultura do município. As crianças da região — orientadas pelo fazendeiro — levam os turistas para o “campo de caça” e explicam a história de Silveiras.
Alguns comem içá crua, mas a maneira mais recomendada é com farinha de mandioca. O sabor de formiga torrada combina com o tempero de alho usado pelos moradores.
Na primavera, as içás deixam o formigueiro para acasalar e dar origem a uma nova colônia. Esse movimento primeiro foi observado pelos indígenas, que iniciaram o hábito de caçar as tanajuras.
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Tempo depois, os tropeiros passaram a comer o inseto em suas viagens e difundiram a prática por outras cidades.
Ocílio Ferraz mostra como fazer o prato:
2 colheres de banha de porco (ou óleo comum).
1 copo de 200 ml de içá limpa e pré-torrada.
1 dente de alho.
250g de farinha de mandioca.
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Primeiro, o fazendeiro coloca a banha em uma panela, espera esquentar e coloca as tanajuras limpas. Em seguida, acrescenta um dente de alho e espera ele dourar, mas sem deixar queimar. Depois, coloca a farinha de mandioca e finaliza com sal a gosto.
Alguns moradores comem a farofa de içá dentro da folha de ora-pro-nóbis. De qualquer forma, essa iguaria representa não só um hábito inusitado no Brasil, mas a tradição de uma cultura ameaçada, a indígena.
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