Conheça o município brasileiro gigante que já ultrapassa Portugal, Islândia e Grécia

Localizada no sudoeste do Pará, Altamira impressiona pelas dimensões pouco comuns até para padrões amazônicos. O município ocupa 159.533 km², quase 13% de todo o território do estado, e supera em área países como Portugal, Irlanda, Islândia e Grécia.

É o maior município do Brasil e o terceiro maior do mundo, maior até que 104 nações reconhecidas pela ONU.

Rio Xingu

Apesar da vastidão territorial, a população estimada pelo IBGE para 2025 é de 138.749 habitantes, o que representa menos de um morador por quilômetro quadrado.

A baixa densidade está entre as menores do país e cria obstáculos históricos para o acesso a serviços públicos, deslocamentos e presença do Estado.

Em 2025, Altamira completou 114 anos de emancipação política. Criada em 1911, a cidade se desenvolveu às margens do Rio Xingu, cercada por igarapés e uma das maiores reservas de biodiversidade do planeta.

O território se estende por 13 municípios vizinhos e inclui dois distritos a mais de mil quilômetros da sede: Castelo de Sonhos e Cachoeira da Serra.

A distância entre as comunidades e a dispersão populacional geram desafios que se acumulam há décadas: dificuldade de acesso à saúde e educação, logística limitada, crescimento desigual e áreas completamente isoladas.

Em vários pontos da zona rural, a população bovina supera a humana, reflexo da expansão da pecuária extensiva.

Liderança no desmatamento

A expansão territorial sem controle tornou Altamira o município com a maior área desmatada da Amazônia. Em 2019, as emissões chegaram a 35,2 milhões de toneladas de CO, mais que o dobro da cidade de São Paulo, que tem população quase 100 vezes maior.

• Altamira: 35,2 milhões de t de CO
• São Paulo: 16,6 milhões de t de CO

Segundo especialistas, cerca de 95% das emissões do município resultam exclusivamente do desmatamento. Na comparação proporcional, seria como se cada morador fosse responsável pelo equivalente a centenas de carros rodando diariamente.

Como a situação se agravou

A origem do avanço desordenado remonta à década de 1970, com a abertura da Transamazônica pelo governo Médici.

A promessa de desenvolvimento impulsionou ocupações irregulares, grilagem e desmatamento acelerado em áreas antes isoladas. Sem planejamento, a pecuária extensiva ganhou terreno.

Nos anos 2000, a construção da Usina de Belo Monte criou novos ciclos de pressão sobre áreas florestais e estimulou processos indiretos de degradação ambiental, ampliando a crise que hoje coloca Altamira no centro das discussões sobre clima, governança e sustentabilidade na Amazônia.