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Entenda as fases que o corpo atravessa nos instantes finais da vida | Freepik
Sonolência, perda de apetite, pele azulada e respiração barulhenta. A morte, única certeza da vida, traz sinais que podem ser reconhecidos e compreendidos para tornar a despedida mais tranquila.
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Embora o tema ainda seja cercado de silêncio, médicos lembram que entender o que acontece nas últimas horas pode ajudar a aliviar sofrimentos. “É um instante sagrado, que parece até fora do tempo normal”, resume a médica Ana Claudia Quintana Arantes, em entrevista ao G1.
Especialistas em cuidados paliativos apontam que até profissionais de saúde muitas vezes se confundem nesse momento e recorrem a procedimentos desnecessários. A informação, por outro lado, pode trazer conforto tanto a quem parte quanto a quem fica.
Nos últimos dias ou horas, o corpo passa por mudanças físicas. Surge um cansaço profundo, comparado por médicos ao apagar das luzes de um prédio. O sistema digestivo desacelera, a fome e a sede desaparecem e até a necessidade de ir ao banheiro diminui.
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A pele também se transforma: fica pálida, fria e pode ganhar tons azulados nas extremidades. Apesar da sonolência, especialistas recomendam que familiares conversem e toquem suavemente a pessoa. O tato e a audição continuam ativos e oferecem conforto.
“Você precisa de ajuda, e quando essa ajuda vem, percebe que esse corpo, mesmo que frágil, pesa tanto quanto o mundo”, explica Arantes. Para os especialistas, compreender esses sinais ajuda a reduzir medos e evita medidas desnecessárias.
Outro sinal marcante é o ressecamento. Olhos, lábios e boca ficam secos, já que a produção de saliva diminui. Nesses momentos, pequenas medidas fazem diferença: molhar os lábios, aplicar colírios e hidratar a pele trazem bem-estar.
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A dor pode aparecer, mas existem recursos médicos para controlá-la. “Nas últimas horas de vida, essa dor pode descompensar e o paciente fica agitado”, afirma o médico Arthur Fernandes ao G1. Medicações como a morfina oferecem alívio e dignidade ao fim.
É fundamental que familiares estejam orientados sobre essas possibilidades. Ter medicações prescritas à mão e apoio da equipe de saúde garante mais tranquilidade e reduz sintomas que poderiam ser muito desagradáveis.
Antes do fim, algumas pessoas passam pela chamada “melhora da morte”. O corpo parece recuperar forças, a comunicação retorna e até o apetite aumenta. Esse momento pode surpreender familiares, mas costuma durar pouco.
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“O paciente sai daquela sonolência para rever uma pessoa querida”, explica Fernandes. Para especialistas, essa etapa representa uma chance única de expressar amor, pedir perdão ou simplesmente estar presente com quem parte.
Ainda assim, não se trata de uma cura. Exames e intervenções médicas nessa fase, segundo Arantes, podem roubar tempo precioso de despedida. “Esse é o momento de deixar a sua marca para as pessoas que você ama”, destaca a médica.
No instante final, a respiração muda de padrão: ora curta e rápida, ora longa e pausada. Pode soar barulhenta, como um ronco forte, mas especialistas garantem que não há necessariamente sofrimento nesse sinal.
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Esse processo simboliza o último ato do corpo. “Você pode entregar esse sopro sagrado que te foi dado quando nasceu. Essa última expiração é um presente”, reflete Arantes. Depois dela, o coração para, e o corpo entra em silêncio.
Para Fernandes, falar mais sobre a morte é essencial. “A morte não é o contrário da vida. Ela é o antônimo do nascimento. Já a vida é tudo aquilo que está incluído nesse tempo bonito que a gente tem pra viver.”
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