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O que é uma 'cidade em 15 minutos' e por que há tão poucas?

Entenda o conceito que promete transformar a vida urbana, mas enfrenta grandes desafios nas metrópoles brasileiras

Joseph Silva

27/11/2025 às 22:45

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París é uma das poucas cidades do mundo que é considerada uma 'em 15 minutos'

París é uma das poucas cidades do mundo que é considerada uma 'em 15 minutos' | Joseph Silva/Gazeta SP

O conceito inovador de "Cidades em 15 Minutos" propõe que todas as necessidades básicas diárias, como saúde, lazer, comércio e trabalho, estejam acessíveis em até 15 minutos de casa, seja caminhando ou de bicicleta.

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Segundo a professora Karin Martins, da Escola Politécnica da USP, é fundamental pensar a cidade em um conceito de "policentralidades", ou seja, com vários centros distribuídos pelo espaço, ao invés da concentração atual de serviços e comércios nas regiões centrais. (Foto: Pixabay)
Segundo a professora Karin Martins, da Escola Politécnica da USP, é fundamental pensar a cidade em um conceito de "policentralidades", ou seja, com vários centros distribuídos pelo espaço, ao invés da concentração atual de serviços e comércios nas regiões centrais. (Foto: Pixabay)
Para alcançar essa gestão urbana descentralizada, o poder público precisa atuar em duas frentes: prestação de serviço do próprio Estado e fomentação de atividades privadas. (Foto: Pixabay)
Para alcançar essa gestão urbana descentralizada, o poder público precisa atuar em duas frentes: prestação de serviço do próprio Estado e fomentação de atividades privadas. (Foto: Pixabay)
A primeira parte envolve a melhor distribuição de escolas, serviços de saúde, cultura, áreas verdes, ciclofaixas e calçadas de qualidade, descentralizando o foco dos centros. (Foto: Pixabay)
A primeira parte envolve a melhor distribuição de escolas, serviços de saúde, cultura, áreas verdes, ciclofaixas e calçadas de qualidade, descentralizando o foco dos centros. (Foto: Pixabay)

Esta ideia ambiciosa visa, portanto, reduzir o congestionamento dos centros urbanos e, crucialmente, oferecer uma qualidade de vida significativamente melhor para a população. É uma proposta urbanística que busca um mundo ideal, mas se choca com a realidade de muitas regiões.

Embora o idealizador da ideia, Carlos Moreno, afirme que a proposta é aplicável em qualquer lugar, incluindo megacidades como São Paulo, especialistas da USP levantam ressalvas sérias sobre sua fácil implantação no contexto do sul global.

A pesquisadora Deiny Costa, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, por exemplo, não concorda. Ao Jornal da USO, ela diz que não é "tão fácil de ser implantado em megacidades, principalmente as do sul global”.

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A realidade das metrópoles em países em desenvolvimento difere muito das cidades europeias, que é de onde vem a proposta.

O crescimento dessas cidades foi, muitas vezes, construído “mais ao acaso do que por planejamento”, resultando em uma expansão desordenada. A formação urbana do sul se deu “muito centrada no rodoviarismo e constituiu uma expansão a partir do automóvel”.

Desigualdade socioespacial dificulta

A expansão desordenada focada no automóvel faz com que as cidades do sul global sejam "dispersas e fragmentadas", dificultando a implantação de uma "cidade em 15 minutos".

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Além disso, a realidade carrega “marcas profundas” de desigualdade socioeconômica e muita segregação socioespacial. Desse modo, existe uma setorização social clara, onde parte da população reside em regiões mais favorecidas e outra em periferias ou cidades dormitórios.

Carlos Moreno sustenta que a implementação das Cidades em 15 Minutos parte de “uma questão de vontade política somente”, argumentando que o desejo sincero de mudança permite abraçar todas as propostas.

Para Deiny Costa, a ideia é positiva, mas deve ser um norte de modelo, e não um manual rígido, considerando as características locais.

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A importância das policentralidades

A professora Karin Martins, da Escola Politécnica da USP, disserta sobre medidas práticas a serem tomadas quando essa vontade política for conquistada.

Ela explica que é fundamental pensar a cidade em um conceito de “policentralidades”, ou seja, com vários centros distribuídos pelo espaço, ao invés da concentração atual de serviços e comércios nas regiões centrais.

Para alcançar essa gestão urbana descentralizada, o poder público precisa atuar em duas frentes: prestação de serviço do próprio Estado e fomenta ção de atividades privadas.

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A primeira parte envolve a melhor distribuição de escolas, serviços de saúde, cultura, áreas verdes, ciclofaixas e calçadas de qualidade, descentralizando o foco dos centros.

Incentivo ao comércio local e lazer

No que tange ao setor privado, é necessário incentivar serviços como comércio, mercados e farmácias fora das áreas centrais de maior movimento.

Assim, Karin Martins sugere que as prefeituras desenvolvam uma gestão diferenciada de tributos, para encorajar investimentos localmente. Não existe uma regra única; é essencial observar a realidade de perto.

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Mesmo com planos existentes, como o Plano Diretor de São Paulo, que busca aproximar moradia e emprego, as pesquisadoras reforçam a necessidade de vontade política sincera.

Caso contrário, a cidade deixa de ser planejada para a qualidade de vida das pessoas. Elas também destacam que espaços públicos verdes e de lazer são frequentemente “ignorados e esquecidos”, embora sejam cruciais para a saúde e qualidade de vida na cidade.

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