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Saiba o que significa a expressão | Wikimedia Commons
Conhecido como um dos elementos químicos mais pesados encontrados na natureza, o urânio está no centro de algumas das tensões geopolíticas mais delicadas da atualidade.
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O recente conflito entre Israel e Irã reacendeu um velho temor da comunidade internacional: o risco de proliferação nuclear.
Diante desta situação, a expressão "enriquecer o urânio" está em alta. Mas afinal, o que realmente significa isso? E por que esse processo desperta tanto receio? A Gazeta te mostra a seguir:
Naturalmente, o urânio ocorre em três formas principais, chamadas de isótopos: U-238, U-235 e U-234. A diferença entre eles está na quantidade de nêutrons no núcleo de seus átomos, o que altera sua massa e estabilidade.
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O U-238 é o mais abundante (cerca de 99% do urânio extraído), mas é o U-235 que interessa quando se fala em geração de energia e, especialmente, em armamentos nucleares.
O U-235 é instável, e essa instabilidade é justamente o que o torna útil: ao sofrer fissão (quebra do núcleo), libera uma quantidade enorme de energia.
Para utilizá-lo, é preciso aumentar artificialmente sua concentração. A esse processo dá-se o nome de enriquecimento.
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Para separar o U-235 do U-238, os cientistas utilizam centrífugas. Primeiro, o urânio é transformado em um gás chamado hexafluoreto de urânio. Em seguida, esse gás é colocado em rotação em alta velocidade.
Por serem mais leves, os átomos de U-235 concentram-se mais no centro, enquanto os mais pesados, de U-238, se acumulam nas bordas. Com essa separação física, obtém-se um material com maior concentração de U-235 (o chamado urânio enriquecido).
É um processo complexo e demorado. Para alcançar apenas 3% de U-235, o ciclo de centrifugação precisa ser repetido milhares de vezes.
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Para aplicações civis, como pesquisa científica ou geração de energia elétrica, o urânio é geralmente enriquecido entre 3% e 20%. Acima disso, ele entra no território da chamada "qualidade armamentista".
A preocupação da comunidade internacional com o enriquecimento do urânio reside justamente nesse limiar. Quando a taxa de U-235 ultrapassa os 85%, o material torna-se viável para a fabricação de armas nucleares.
Segundo a ONU, o Irã já possui cerca de 400 quilos de urânio enriquecido a 60%, uma concentração bem acima do necessário para uso civil, embora ainda abaixo do nível necessário para uma ogiva.
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O país alega que sua pesquisa nuclear tem fins pacíficos. No entanto, a descoberta recente de três locais de produção não declarados gerou desconfiança.
O relatório da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) sobre o assunto foi uma das justificativas para o bombardeio israelense em junho de 2025. Pouco depois, os Estados Unidos também atacaram instalações nucleares no território iraniano.
A AIEA, inclusive, é o órgão responsável por monitorar as atividades nucleares dos países signatários do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP), acordo firmado entre nações que se comprometem a não produzir armamentos nucleares.
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Já o Brasil, que aderiu ao TNP em 1998, mantém urânio enriquecido apenas para fins pacíficos, nas usinas de Angra 1 e 2.
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