O 'sabor chocolate' da sua bolacha favorita te impede de comer cacau de verdade

Você sabia que “sabor chocolate” não é, de fato, chocolate? Apesar do nome, muitos produtos levam apenas corantes, aromatizantes e gorduras no lugar do cacau, enganando o paladar de quem acredita consumir algo autêntico.

Segundo Maricy Ferreira, professora de Engenharia de Alimentos da USP, em entrevista ao UOL, “eles são uma imitação barata de chocolate, porque contêm um percentual ínfimo de cacau, geralmente de péssima qualidade, ou nem isso”.

Um biscoito ou cobertura “sabor chocolate” costuma ser feito com gordura vegetal e açúcar, enquanto o cacau é quase nulo. Essa substituição barateia a produção, mas compromete a qualidade e a experiência de quem espera um chocolate de verdade.

Por que “sabor” não é chocolate?

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) define que chocolate deve ter ao menos 25% de sólidos de cacau, e 20% no caso do branco. Já os produtos “sabor chocolate” não cumprem essa exigência e até dispensam totalmente o cacau.

Para criar a cor e aroma, a indústria usa corantes como carameloIV e aromatizantes sintéticos. Esse truque garante a aparência, mas não reproduz a complexidade e textura do chocolate real, que derrete na boca e tem notas amargas do cacau.

Muitos consumidores se confundem porque as embalagens destacam imagens de cacau ou pedaços de chocolate, mas, no rótulo, só aparece “sabor chocolate”. É importante ler os ingredientes para perceber que a experiência é bem diferente.

Como isso afeta sua saúde

Além de frustrar o paladar, esses produtos costumam conter mais açúcar, gordura e calorias. Isso pode contribuir para obesidade, diabetes tipo2 e doenças cardíacas se consumidos em excesso no dia a dia, alertam nutricionistas.

O corante carameloIV, bastante usado nesses alimentos, foi classificado pela IARC (Agência Internacional de Pesquisa em Câncer) como “possivelmente cancerígeno”. Apesar disso, a Anvisa afirma que as doses presentes em alimentos estão dentro do limite aceitável para consumo humano.

Trocar o chocolate verdadeiro por imitações baratas também reduz a ingestão de antioxidantes presentes no cacau. Esses compostos, benéficos para a saúde cardiovascular, simplesmente não existem nos produtos “sabor chocolate”.

Como escolher melhor

Para garantir que está comprando chocolate de verdade, verifique se a embalagem traz a palavra “chocolate” sem o termo “sabor”. E confira se há cacau entre os primeiros ingredientes do rótulo, indicando maior proporção na fórmula.

Produtos com maior teor de cacau têm mais benefícios e menos açúcares. Prefira os amargos, com 50% de cacau ou mais, que têm menos gordura vegetal e menos aditivos artificiais para imitar o sabor natural do chocolate autêntico.

Assim, você faz escolhas mais conscientes, aproveita o sabor real do chocolate e ainda cuida melhor da sua saúde. Ler os rótulos e entender o que significam as denominações ajuda a não se enganar com as estratégias do mercado.