Entre em nosso grupo
2
Continua depois da publicidade
A ciência tenta entender o comportamento dos animais diante do luto | Foto: Reprodução/Freepik
Cenas como orangotangos carregando filhotes sem vida ou elefantes "velando" seus mortos com folhas levantam questões profundas. Pesquisadores investigam se esses comportamentos revelam uma forma de sofrimento animal ou se são respostas instintivas.
Continua depois da publicidade
Primatologistas observam que mães macacas, por exemplo, podem carregar filhotes mortos por dias, mesmo quando isso prejudica sua sobrevivência.
"Há uma dissonância cognitiva por conta do vínculo de apego", explica a pesquisadora Irene Delval, da Universidade de São Paulo, em uma entrevista para o Jornal da USP.
Esse comportamento, chamado de "protoluto", sugere que o apego emocional persiste mesmo após a morte. Em alguns casos, mães chegam a transportar o corpo por até 90 dias, um hábito que desafia explicações puramente práticas.
Continua depois da publicidade
Enquanto humanos manifestam luto com choro e rituais, os animais reagem de formas variadas. Macacos podem catar o corpo do companheiro morto ou vocalizar de maneira diferente. "Não podemos afirmar que seja sofrimento, seria uma interpretação", pondera Delval.
André Gonçalves, primatologista, ressalta para o Jornal da USP que "da mesma forma que atribuímos luto a crianças que não compreendem a morte, animais podem experienciá-lo sem conceitos abstratos".
Sintomas como estresse e perda de apetite já foram registrados em primatas enlutados.
Continua depois da publicidade
Cientistas alertam para o risco de projetar emoções humanas nos animais. "Macacos que mostram os dentes não estão sorrindo – é um sinal de ameaça", exemplifica Delval.
Por outro lado, ignorar semelhanças também é um erro, já que humanos compartilham traços evolutivos com outros primatas.
A busca por respostas continua, com pesquisas em tanatologia comparada – estudo do comportamento diante da morte em diferentes espécies. Seja luto ou instinto, uma coisa é certa: a relação dos animais com a morte é mais complexa do que imaginávamos.
Continua depois da publicidade
Continua depois da publicidade
Continua depois da publicidade