Entre em nosso grupo
2
Continua depois da publicidade
Até mesmo em grandes centros urbanos, algumas dessas aves estão presentes | Freepik
Muito antes do despertador tocar, um coro natural já anuncia a chegada do dia. Das metrópoles às pequenas cidades, aves de hábitos matinais transformam o amanhecer em um espetáculo sonoro, mesmo enfrentando os desafios da urbanização.
Continua depois da publicidade
Conheça a história e as características das espécies que mais se destacam nesse “concerto” diário, e entenda por que seus cantos estão mudando de horário e intensidade.
A cena é familiar: ainda de madrugada, antes mesmo de o céu clarear, o canto de um pássaro rompe o silêncio. Embora pareça apenas um ritual poético, há muita biologia envolvida. Em ambientes urbanos, especialmente em cidades barulhentas como São Paulo, os sons artificiais competem com os chamados naturais, obrigando várias espécies a ajustar seu comportamento.
No caso do sabiá-laranjeira, símbolo nacional e protagonista das madrugadas paulistanas, relatos mostram que ele tem cantado cada vez mais cedo, muitas vezes antes das 4h. A estratégia é simples: evitar o ruído crescente da cidade para garantir que o canto seja ouvido pelas fêmeas e reconhecido por outros machos.
Continua depois da publicidade
Essa mudança comportamental afeta toda a cadeia de aves matinais, que se revezam no amanhecer para marcar território, anunciar presença e iniciar rituais de reprodução. Mesmo em meio ao concreto, elas continuam sendo despertadores naturais da vida urbana.
O saci, também chamado de matintaperera, assobiador e fem-fem, é mais do que uma ave: é parte do folclore amazônico. Seu canto estridente alimenta histórias que o associam a maus presságios ou visitas noturnas em busca de tabaco, criando um misto de fascínio e temor popular.
Fisicamente, é uma ave marcante, com 26 a 30 cm de comprimento e plumagem rajada em tons de castanho e preto. Essas listras ajudam na camuflagem em ambientes de mata, onde demarca território usando vocalizações específicas.
Continua depois da publicidade
O saci apresenta dois tipos principais de canto: um curto, de duas notas, usado para afastar rivais, e outro mais longo, com cinco ou seis notas, que surge com força no amanhecer e no entardecer. É esse último que costuma surpreender quem desperta antes da hora.
Dificilmente existe alguém que nunca tenha sido acordado por um bem-te-vi. É uma das aves mais distribuídas do país e facilmente reconhecida pelo canto onomatopeico que dá nome à espécie, uma verdadeira marca registrada.
Com tamanho entre 20,5 e 25 cm e plumagem amarela e parda, o bem-te-vi ocupa diversos ambientes: centros urbanos, margens de rios, quintais, parques e áreas rurais. Sua adaptabilidade é tão grande que ele também aparece em países vizinhos e até inspira nomes em outras línguas, como kiskidee nos Estados Unidos.
Continua depois da publicidade
O canto forte e repetitivo ajuda na comunicação com outras aves e na defesa do território. Por ser tão presente na cultura brasileira, o bem-te-vi já foi homenageado até na música, sendo tema de composições populares.
Pequena, mas intensa: a corruíra, também chamada de cambaxirra, maria-judia ou rouxinol, mede apenas de 10 a 13 cm, mas canta com uma força surpreendente. É uma das aves que mais se adaptaram aos ambientes transformados pelo homem.
Diferentemente de outros trogloditídeos, que preferem matas fechadas, essa espécie se acostumou a viver perto de construções humanas. Muretas, frestas, jardins e telhados são espaços ideais para ela montar seus ninhos e circular com agilidade.
Continua depois da publicidade
Seu canto melodioso é comum logo ao amanhecer. Enquanto se move rapidamente pela vegetação e pelas estruturas, emite sons roucos de contato e longas sequências musicais para anunciar presença. Uma verdadeira solista urbana.
O tico-tico é uma das aves mais reconhecidas do Brasil, seja por seu canto, seja pela canção famosa “Tico-tico no Fubá”. Popular em áreas urbanas e rurais, ele acumula apelidos como salta-caminho, tiquinho e chuvinha.
Com cerca de 15 cm, seu visual discreto inclui tons pardo-acinzentados e faixas pretas na cabeça, além de um toque avermelhado no pescoço. Apesar da semelhança com o pardal, o canto o diferencia completamente.
Continua depois da publicidade
Ele vocaliza tanto de dia quanto à noite, e o canto noturno costuma ser mais longo e intenso. Nessas situações, muitos o confundem com outras espécies, já que o som fica mais agudo e prolongado, especialmente quando está assustado ou em alerta.
O azulão, conhecido por nomes como azulão-bicudo e gurundi-azul, chama atenção por sua beleza e por seu canto melodioso. Os machos exibem plumagem azul-escura brilhante, enquanto fêmeas e filhotes mantêm tons pardos mais discretos.
Com vocalizações fortes, o azulão usa o canto principalmente ao amanhecer e ao crepúsculo para marcar território. Nessas horas, é comum ouvir diferentes melodias que variam conforme a região e o indivíduo.
Continua depois da publicidade
Essa ave também é sociável, frequentemente observada em pequenos bandos durante a alimentação. Sua dieta variada inclui sementes, insetos e frutas, papel fundamental na dispersão de sementes. A perda de habitat, entretanto, ameaça populações em algumas áreas.
Entre os cantores mais queridos do Brasil está o canário-da-terra, ou “canarinho”, famoso pelo canto vibrante e pela plumagem amarelo-olivácea. Medindo cerca de 13,5 cm e pesando 20 gramas, ele pode ser pequeno, mas domina qualquer paisagem sonora.
Machos adultos tornam-se totalmente amarelos ao amadurecer, enquanto fêmeas e jovens apresentam tons mais discretos. Os filhotes machos começam a cantar cedo, entre 4 e 6 meses, aprimorando o repertório até atingir a vida adulta.
Continua depois da publicidade
Encontrado em áreas abertas, campos e regiões urbanas, o canário-da-terra se tornou um dos favoritos dos observadores de aves, sendo uma presença frequente nos amanheceres brasileiros.
Continua depois da publicidade
Continua depois da publicidade