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Paulistano amputou tudo abaixo da cintura para viver

Após cirurgia rara que retirou tudo abaixo do umbigo, Renildo testa prótese inovadora e volta a caminhar

Joseph Silva

27/07/2025 às 20:35  atualizado em 27/07/2025 às 20:53

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DJ do Capão Redondo passa por reabilitação inédita e já consegue andar com auxílio de estrutura criada no Brasil

DJ do Capão Redondo passa por reabilitação inédita e já consegue andar com auxílio de estrutura criada no Brasil | Reprodução/YT

Ele perdeu metade do corpo, mas não perdeu o sonho de continuar vivo e de pé. O DJ Renildo Santos, de 35 anos, se tornou um dos poucos casos no mundo a sobreviver a uma hemicorporectomia e agora testa uma prótese revolucionária.

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Renildo é um exemplo de superação e resistência. Após passar por uma cirurgia que removeu toda a parte abaixo do umbigo, ele participa de um processo de reabilitação inédito desenvolvido pela Rede Lucy, em São Paulo. Com a ajuda de uma prótese especial, ele já consegue caminhar.

Prótese vestível permite andar de novo

O equipamento usado por Renildo é uma vestimenta semirrígida que se encaixa em seu tronco e se conecta a hastes metálicas chamadas de stubbies. Com ela, ele pode passar até sete horas em pé e já consegue caminhar com auxílio físico.

Segundo a equipe da Rede Lucy, essa prótese foi totalmente adaptada ao corpo de Renildo. “Fizemos cálculos meticulosos para distribuir o peso e garantir conforto”, explica ao canal do youtube "TV Folha" o engenheiro Milton Oshiro, que liderou o desenvolvimento do equipamento.

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Hoje, Renildo mede 1,14 metro com o uso da prótese, mas a meta é que, até o fim do ano, atinja 1,60 metro, graças ao crescimento gradual das hastes. O equipamento será, no futuro, revestido para melhorar a estética e facilitar a rotina.

Cirurgia com risco altíssimo de morte

A hemicorporectomia é uma cirurgia extremamente arriscada. No caso de Renildo, o risco de morte chegava a 85%. Ainda assim, a operação era a única chance real de eliminar o câncer que se desenvolveu a partir de feridas crônicas.

“O Renildo passou por uma cirurgia drástica, ética, salvadora e funcional. Ele queria andar, e nossa missão foi tornar isso possível”, diz o médico André Sagawara, da Rede Lucy. O procedimento durou 15 horas e envolveu seis equipes médicas.

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Durante a operação, as pernas foram erguidas e o sangue foi reaproveitado com uma técnica chamada autotransfusão. Os músculos removidos foram reposicionados para formar base de sustentação para os órgãos e para a prótese.

Uma longa luta desde a infância

A história de Renildo com a deficiência começou cedo. Aos 12 anos, ele levou um tiro após subir no telhado de um vizinho para buscar uma pipa. O acidente o deixou paraplégico e, com o tempo, surgiram feridas de difícil cicatrização.

Essas lesões, chamadas de úlceras de pressão, acabaram evoluindo para um tipo agressivo de câncer. A alternativa oferecida pelos médicos do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp) foi a hemicorporectomia, que ele aceitou de imediato.

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“Me disseram que iriam cortar abaixo do umbigo, e topei. Só eu e minha esposa sabíamos o que eu passava. Sempre internado, com febre, remédios e sofrimento”, relembra o DJ, que agora planeja voltar à carreira e retomar a rotina.

Vida nova com independência e esperança

Mesmo com os desafios, Renildo se mantém positivo. Ele conta que já consegue sentar-se com a prótese e também usar cadeira de rodas, com uma almofada especial. “A cirurgia deu certo, estou bem. O que vier a mais é lucro”, afirma.

O impacto estético ainda causa estranhamento, mas ele vê isso como parte do processo. “Ainda não me dou bem com o espelho. Fico pensando em como os outros me olham. Estou pequeno”, diz, de forma sincera, mas sem tristeza.

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Renildo precisará de medicamentos hormonais por toda a vida e passará por revisões médicas regulares. No entanto, sua saúde está estável, e ele já pode ter uma alimentação normal e uma rotina cada vez mais próxima da independência total.

Inspiração para outras pessoas

Além da própria recuperação, Renildo quer inspirar outros pacientes em situação semelhante. “Quero motivar outras pessoas a lutarem por suas vidas. É complicado ter meio corpo, mas a prótese vai ajudar nisso também”, afirma.

O caso dele é apenas o segundo no mundo com esse nível de sucesso após uma hemicorporectomia. A esperança da equipe médica é que esse avanço sirva de referência para tratamentos futuros, tanto no Brasil quanto fora.

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Com determinação, apoio médico e tecnologia, Renildo está reconstruindo sua história. E mostrando que, mesmo com metade do corpo, é possível viver por inteiro.

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