Por que os estudantes japoneses só usam esse modelo de mochila extremamente caro?

O randoseru, a emblemática mochila escolar japonesa, vai além de ser apenas um objeto para carregar materiais. Elas chegam a ser um item de proteção e segurança para crianças. Sua história começa na era Meiji (1868–1912), período em que o Japão passava por um processo de modernização do ensino.

O design foi inspirado em mochilas militares holandesas, e ao longo do tempo, passou a representar valores como disciplina, uniformidade e educação. Hoje, é um item indispensável para os alunos que iniciam o ensino fundamental.

Para os pequenos japoneses, o randoseru simboliza bem mais que um simples acessório escolar; ele marca um passo importante de amadurecimento e progresso. Muitos pais e avós presenteiam as crianças com essa mochila ainda antes do início das aulas, como um gesto carregado de significado.

Apesar do alto custo, alguns modelos feitos de couro premium podem ultrapassar 60.000 ienes (cerca de R$ 2,4 mil) —, sua resistência e importância emocional justificam o preço.

Após os anos escolares, muitos guardam o randoseru como uma lembrança especial da infância.

Uma tradição de longa data que continua viva

O randoseru pode parecer uma mochila moderna, mas sua origem remonta à era Meiji, quando o Japão buscava renovar seu sistema educacional.

Inspirado nas mochilas militares da Holanda, o modelo se consolidou como um símbolo de ordem, igualdade e compromisso com a educação.

Ainda hoje, é comum ver os calouros do ensino fundamental com esse acessório marcante.

Mesmo com as transformações da sociedade japonesa, o randoseru manteve seu lugar de destaque. Ele continua sendo um marco significativo na infância das crianças, servindo tanto como ferramenta prática quanto como ponte com os costumes e tradições do país.

Mais que uma mochila: um marco na vida escolar

Para os estudantes japoneses, receber um randoseru é um verdadeiro rito de passagem.

Esse presente simboliza o começo de uma nova fase e é muitas vezes antecipado com carinho por familiares, sendo comprado até mesmo um ano antes das aulas começarem.

Embora o investimento seja alto, especialmente nos modelos mais sofisticados, a qualidade do material e o valor emocional agregado fazem com que a compra valha a pena.

Muitos estudantes guardam sua mochila como um tesouro ao final da fase escolar, lembrando-se com carinho desse período de transição.

Proteção em terremotos

Diferente das mochilas convencionais, que costumam apresentar desgaste em pouco tempo, o randoseru é construído para durar durante os seis anos do ensino fundamental.

Fabricado com couro resistente ou materiais sintéticos de alta qualidade, suporta bem o uso diário. Seu peso, de cerca de 1,4 kg quando vazio, aumenta com o material escolar, mas sua estrutura permanece firme.

Uma curiosidade importante é sua funcionalidade em situações de emergência: o randoseru pode servir como proteção para a cabeça em caso de terremotos, uma característica de segurança que revela sua multifuncionalidade.

Um acessório que evolui com a sociedade

No passado, havia uma rigidez nas cores: preto para os meninos e vermelho para as meninas. Com o passar do tempo, esse padrão foi se abrindo a novas possibilidades.

Atualmente, as mochilas estão disponíveis em cores variadas como lavanda, verde, azul e até tons pastel.

Além das novas cores, há também personalizações modernas: bordados, personagens infantis e iniciais bordadas tornam cada randoseru único.

Mesmo com essas mudanças no visual, sua estrutura clássica continua, mantendo o equilíbrio entre tradição e inovação.

Tradição que passa de geração em geração

Mais do que um item escolar, o randoseru é parte da identidade cultural japonesa. Muitos pais que um dia usaram essas mochilas agora acompanham seus filhos na mesma experiência, criando uma conexão afetiva entre gerações.

Esse vínculo familiar reforça o valor simbólico da mochila, transformando o randoseru em um ícone duradouro da formação acadêmica e do desenvolvimento pessoal das crianças no Japão.