A+

A-

Alternar Contraste

Sexta, 16 Maio 2025

Buscar no Site

x

Entre em nosso grupo

2

WhatsApp
Home Seta Gazeta Mais Seta

Curiosidades

Relembre 6 poesias marcantes da história do Brasil

Para o dia 21 de março, o Dia Mundial da Poesia, a Gazeta separou seis poemas memoráveis da história brasileira

Leonardo Sandre

20/03/2024 às 18:00  atualizado em 17/07/2024 às 17:52

Continua depois da publicidade

Compartilhe:

Facebook Twitter WhatsApp Telegram
Poeta paulistano Mário de Andrade

Poeta paulistano Mário de Andrade | Reprodução/Câmara dos Deputados

No dia 21 de março é celebrado o Dia Mundial da Poesia. Para homenagear as ricas poesias brasileiras com grandes autores e obras, a Gazeta separou uma lista com seis poemas marcantes feitas por autores nacionais.

Continua depois da publicidade

Siga as notícias da Gazeta de S.Paulo no Google Notícias

Veja abaixo as poesias completas. Foram escolhidas apenas uma poesia de cada autor diferente.

Tomara (1971), de Vinicius de Moraes

Vinícius de Moraes é um dos autores mais reconhecidos do mundo da poesia. Seu maior sucesso é "Soneto de fidelidade". de 1946, no qual consiste em uma declaração símbolo do romantismo. Contudo, para mostrar que Vinícius possui muitas outras obras de qualidade, a lista conta com "Tomara".

Continua depois da publicidade

Faça parte do grupo da Gazeta no WhatsApp e Telegram.
Mantenha-se bem informado.

A poesia fala de amor, mas não daquele "casal perfeito". A poesia cita as rusgas e sofrimentos que um casal passa, mas que é muito melhor enfrentar esses momentos ao lado de alguém amado do que apenas viver feliz porém sozinho.

Tomara 
Que você volte depressa 
Que você não se despeça 
Nunca mais do meu carinho 
E chore, se arrependa 
E pense muito 
Que é melhor se sofrer junto 
Que viver feliz sozinho 

Continua depois da publicidade

Tomara 
Que a tristeza te convença 
Que a saudade não compensa 
E que a ausência não dá paz 

E o verdadeiro amor de quem se ama 
Tece a mesma antiga trama 
Que não se desfaz 
E a coisa mais divina 
Que há no mundo 
É viver cada segundo 
Como nunca mais

E agora, José? (1942), de Carlos Drummond de Andrade

Tomados por medos e incertezas, diversas pessoas tendem a se sentir como "José", buscando uma resposta sobre o que fazer a seguir.

Continua depois da publicidade

E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?
(...)
José, e agora?
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!
Sozinho no escuro
qual bicho do mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?

 

Retrato (1939), de Cecília Meireles

Uma obra que fala de uma forma mais melancólica e intimista do passar dos anos e de como a pessoa se vê e se descreve para o próxima. A autocrítica fica cada vez mais forte em versos que misturam o passado e o presente.

Eu não tinha este rosto de hoje,
Assim calmo, assim triste, assim magro,
Nem estes olhos tão vazios,
Nem o lábio amargo.

Continua depois da publicidade

Eu não tinha estas mãos sem força,
Tão paradas e frias e mortas;
Eu não tinha este coração
Que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,
Tão simples, tão certa, tão fácil:
— Em que espelho ficou perdida
a minha face?

Quando eu morrer (1945), de Mário de Andrade

Condizendo com o título do poema, a obra foi publicada nos últimos meses de vida do autor. O poeta aproveita para fazer um balanço de sua existência, recomendar que seu corpo seja fragmentado e atirado cada parte em um local de São Paulo que lhe foi importante na vida, além de enaltecer a Capital, tão querida por ele em diversas de suas poesias.

Continua depois da publicidade

Quando eu morrer quero ficar,
Não contem aos meus inimigos,
Sepultado em minha cidade,
Saudade.

Meus pés enterrem na rua Aurora,
No Paissandu deixem meu sexo,
Na Lopes Chaves a cabeça
Esqueçam.

No Pátio do Colégio afundem
O meu coração paulistano:
Um coração vivo e um defunto
Bem juntos.

Escondam no Correio o ouvido
Direito, o esquerdo nos Telégrafos,
Quero saber da vida alheia,
Sereia.

O nariz guardem nos rosais,
A língua no alto do Ipiranga
Para cantar a liberdade.
Saudade...

Os olhos lá no Jaraguá
Assistirão ao que há de vir,
O joelho na Universidade,
Saudade...

As mãos atirem por aí,
Que desvivam como viveram,
As tripas atirem pro Diabo,
Que o espírito será de Deus.
Adeus.

 

Com licença poética (1976), de Adélia Prado

Provavelmente o poema mais famoso da carreira da talentosa escritora mineira, "Com licença poética" fala sobre a condição da mulher na sociedade brasileira além de fazer uma breve apresentação da autora. A obra faz referência ao "Poema das sete faces" de Carlos Drummond de Andrade. Veja.

Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não tão feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas, o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
— dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida, é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.

Continua depois da publicidade

Canção do exílio (1846), de Gonçalves Dias

A poesia  declara e ressalta o patriotismo e o amor do poeta em relação à terra natal. Alguns trechos fazem até referência ao hino nacional brasileiro.

Minha terra tem palmeiras
Onde canta o Sabiá,
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.

Continua depois da publicidade

Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar – sozinho, à noite –
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Continua depois da publicidade

Continua depois da publicidade

Continua depois da publicidade

Conteúdos Recomendados