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O ponto de ônibus é um pedaço da história do transporte público de São Paulo | Reprodução/YouTube
A história do transporte em São Paulo está repleta de símbolos discretos que revelam o quanto a cidade mudou ao longo das décadas. Um deles é o ponto de ônibus localizado na Praça Coronel Cipriano de Morais, na Vila Ipojuca, zona oeste da capital.
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Considerado o ponto de ônibus mais antigo de São Paulo, ele foi construído pela antiga Companhia Municipal de Transportes Coletivos (CMTC) nos anos 1960 e segue em uso até hoje.
Mesmo após recentes reformas e cuidados de preservação, o abrigo ainda não é reconhecido oficialmente como patrimônio tombado.
Ainda assim, tornou-se um marco histórico do bairro da Lapa, sendo lembrado pelos moradores como um símbolo da resistência e da memória urbana paulistana.
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O abrigo segue o estilo característico dos equipamentos públicos da CMTC nas décadas de 1950 e 1960. Feito com estrutura de ferro apoiada em bases de concreto, ele apresenta cobertura levemente arqueada e seis colunas em formato de “V”, um desenho raro de se ver atualmente.
Esse tipo de construção priorizava resistência e praticidade, em vez de sofisticação estética.
Enquanto os novos modelos de abrigo buscam modernidade e integração visual, o da Vila Ipojuca mantém a aparência bruta e funcional de outra época.
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Sua estrutura, ainda original, representa uma era em que o mobiliário urbano era pensado para durar e servir, sem depender de elementos comerciais ou publicidade.
O ponto de ônibus mais antigo da cidade fica numa pequena praça entre a Rua Tonelero e a Avenida Ricardo Medina Filho.
O local tranquilo e pouco movimentado contribuiu para que o abrigo escapasse da substituição em massa dos anos 1970, quando a prefeitura trocou milhares de estruturas antigas por modelos padronizados.
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Décadas depois, novos contratos de modernização ameaçaram eliminar os últimos exemplares da CMTC. Porém, a mobilização de moradores e historiadores garantiu que esse ponto fosse mantido.
Ele acabou sendo reconhecido pela própria prefeitura como o único abrigo desse tipo ainda existente em São Paulo, sobrevivendo como um verdadeiro relicário urbano.
A permanência do ponto deve-se, em grande parte, ao interesse de quem vive na região. Após pedidos da comunidade, o abrigo passou por limpeza, pintura e reforço estrutural em 2015.
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Em 2024, uma restauração mais completa recuperou o ferro original, corrigiu áreas corroídas e adicionou piso tátil e iluminação adequada, sempre mantendo o design original.
Apesar do esforço coletivo e do reconhecimento informal, o ponto ainda não foi tombado como patrimônio histórico.
Ele é protegido apenas por iniciativas municipais de conservação, o que o torna vulnerável a futuras mudanças urbanas.
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A ausência de tombamento mostra como a valorização da memória cotidiana ainda enfrenta desafios dentro das políticas de preservação da cidade.
Mais que um abrigo de ônibus, essa estrutura é um pedaço vivo da história paulistana. Ela conecta gerações que presenciaram a evolução do transporte coletivo e das transformações da paisagem urbana.
Segundo o instituto São Paulo antiga, o ponto é “um sobrevivente funcional da história do transporte em nossa cidade”, e representa a importância de se olhar com atenção para os pequenos marcos da vida urbana.
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Conservar o abrigo da Vila Ipojuca é valorizar a memória do cotidiano e reconhecer que a identidade de São Paulo também se constrói nos detalhes, nos lugares por onde passamos, esperamos e convivemos.
Mesmo sem o título oficial de patrimônio, o ponto segue sendo, para muitos, um marco histórico da Lapa e um símbolo de resistência e lembrança do passado que continua fazendo parte do presente.
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