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melocoton marcou os anos 90 | Foto reprodução YouTube
Sim, você não leu errado. Houve um tempo em que uma fruta cor-de-rosa, com luvas brancas, voz aguda e olhar eternamente surpreso, era mais famosa que muito galã de novela das seis.
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Em plena década de 1990, enquanto o Brasil dançava É o Tchan e debatia o que era ou não era "chiquitita", um certo personagem feito de espuma e carisma roubava a cena nas manhãs infantis da TV aberta: Melocoton, o mascote oficial do programa da Eliana.
Era uma época em que crianças decoravam coreografias com mais dedicação do que faziam lições de casa, e sabiam de cor os nomes dos bonecos que apareciam entre um quadro de brincadeiras e outro.
Melocoton, o “fruto” mais expressivo da televisão brasileira, surgiu de mansinho e acabou se tornando um dos rostos (ou carinhas redondas) mais queridos da geração que cresceu entre estojos da Tilibra, bolachas recheadas e VHS rebobinados com caneta.
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Mas, como toda fruta madura demais, ele também foi retirado do cesto sem aviso. E desapareceu como desaparecem as coisas que a gente só percebe que ama quando já é tarde demais.
Só que a história do Melocoton vai muito além da fantasia rosa e das danças engraçadas. Ela diz muito sobre um Brasil que aprendeu a rir e a sonhar através de bonecos coloridos em programas infantis.
Não era um pêssego, nem uma ameixa, e definitivamente não era uma criatura comum.
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O Melocoton nasceu em meados de 1994, quando o programa da Eliana ainda buscava um mascote para chamar de seu já que Xuxa tinha o Xuxo e Angélica desfilava com o fofo Dengue.
A produção queria algo diferente. O nome veio do espanhol "melocotón", que significa pêssego. Mas, como ninguém falava espanhol no Brasil dos anos 90, acabou virando só "o Melocoton", mesmo.
O traje era inconfundível: rosa choque, olhos esbugalhados, uma bocarra simpática e dois bracinhos que mais pareciam luvas de Mickey fora de escala.
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No comando da voz, um dublador anônimo, mas com talento de sobra, fazia piadas, cantava paródias e até discutia com a Eliana tudo dentro de um humor leve, ligeiramente caótico, e perfeito para o ritmo frenético da programação infantil.
Melocoton era, antes de tudo, uma presença. Ele não só aparecia, ele existia. Interagia com a apresentadora, participava dos quadros, virava meme analógico (antes dos memes existirem), e, de quebra, ainda ensinava alguma coisa ou outra.
Um mascote falante, que parecia ter vindo direto da imaginação coletiva dos anos 90 aquela mesma que achava que Tang era suco de verdade e que fita cassete era imortal.
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Em pouco tempo, Melocoton passou de figurante curioso a protagonista de produtos, turnês e comerciais.
Ele não era apenas um boneco de espuma na Record era um fenômeno. Tinha linha de material escolar, boneco de pelúcia, vinheta própria no programa, e até figurava nas festas de aniversário ao lado de temas como Ursinhos Carinhosos e Power Rangers.
Mas o auge veio mesmo nos shows ao vivo. Eliana, acompanhada por sua trupe de mascotes, rodava o Brasil com espetáculos musicais para milhares de crianças.
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E lá estava ele: o Melocoton, dançando lambada (sim, lambada) com os bracinhos tortos e a energia de quem tomava refrigerante de guaraná sem parar. Era impossível não rir, não cantar junto, não pedir uma foto ou, no mínimo, um abraço.
Enquanto isso, nas manhãs de sábado, o mascote seguia firme. Seu jeitinho estabanado conquistava a audiência. Era engraçado, mas também ternamente inocente. Nunca foi o mais bonito. Nem o mais esperto.
Mas era, disparado, o mais querido. E talvez seja exatamente por isso que tanta gente ainda lembra dele com brilho nos olhos.
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O fim foi silencioso. Sem vinheta de despedida. Sem especial de adeus. Com a transição de Eliana para um público mais adolescente no final dos anos 90, Melocoton foi sendo limado da programação como muitos personagens infantis que não sobrevivem à adolescência dos seus criadores.
Um dia ele estava lá. No outro, só restava o espaço vazio no cenário e uma pergunta: “Cadê o Melocoton?”
A televisão mudou, as manhãs ficaram menos lúdicas, e o mascote ficou guardado num lugar da memória onde mora a infância feliz. Mas os fãs não esqueceram.
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Com a internet, o personagem ganhou sobrevida: vídeos antigos viralizaram no YouTube, memes nostálgicos circularam no Twitter e perfis de nostalgia relembraram sua importância com carinho quase cerimonial.
E aí veio o reconhecimento póstumo. Em tempos de revival dos anos 90, Melocoton virou cult. Quem tem pelúcia original guarda como relíquia. Quem viveu aquela época, sorri ao lembrar. Porque, no fim, talvez o Melocoton não tenha sido só um mascote.
Talvez tenha sido uma versão fofa do que todos queríamos ser: engraçados, queridos e eternamente parte da programação.
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