Saiba por que muita gente é picada por cascavéis mesmo ouvindo o chocalho dela de longe

Um estudo recente publicado na Current Biology mostrou que o ruído icônico da cascavel não é apenas um aviso, mas uma sofisticada ferramenta de comunicação. 

Quando ameaçada, a serpente ajusta a frequência do chocalho para indicar perigo – e, em alguns casos, até engana quem a ouve.

Como a cascavel controla seu "alarme" natural

Ao analisar a cascavel-diamante-ocidental (Crotalus atrox), cientistas descobriram que o animal modifica o som conforme a ameaça se aproxima. 

Se o invasor está longe, o chocalho é lento. Mas, se chega perto demais, o ritmo dispara, para, e fica mais frenético – criando a ilusão de que a cobra está mais próxima do que realmente está.

"Talvez essa seja outra função do guizo: confundir predadores", sugere Bree Putman, herpetóloga, para a revista National Geographic. 

Em testes com humanos em realidade virtual, participantes subestimaram a distância da serpente quando o som acelerava, mostrando como o efeito é eficaz.

Por que o som muda de frequência

O guizo é formado por anéis de queratina (o mesmo material das unhas humanas) que se chocam quando a cobra vibra a cauda. 

Em baixa frequência, ouvimos cada "clique" separadamente. Já em alta velocidade, os sons se fundem – e nosso cérebro interpreta como um ruído contínuo e mais próximo. "Uma cobra mais quente é mais perigosa e seu guizo é mais rápido", explica Putman. 

Predadores como esquilos usam essa informação para avaliar o risco, mas humanos tendem a se confundir. Para Boris Chagnaud, neurocientista do estudo, isso revela que o sinal não evoluiu para nós: "Muitas comunicações entre animais são ouvidas por nós, mas não compreendemos seus significados".

Apesar do veneno poderoso, essas serpentes enfrentam vários predadores, como falcões e gambás. O guizo pode ser um último recurso. O som acelerado dificulta a localização exata, dando chance de fuga.

O que fazer ao encontrar uma cascavel

O conselho é simples: mantenha distância (no mínimo 1,8 metros) e evite tocá-la, mesmo com objetos. "Nunca tente manuseá-las", alerta a ecologista Asia Murphy ao National Geographic. 

Apesar do susto, ela destaca: "São extremamente corteses por avisarem que estão próximas". Ou seja, se ouvir o chocalho, recue.