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Pequena peça plástica dentro dos tubos de creme dental frustra consumidores, aumenta desperdício e reacende críticas sobre impacto ambiental. | Gazeta SP
A rotina de apertar o tubo de creme dental até a última gota parece estar ficando para trás. Consumidores têm percebido que parte do produto fica presa na embalagem e não pode ser utilizada, mesmo com esforço.
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A mudança, silenciosa, começou com a adoção de um pequeno mecanismo interno que barra o fluxo completo do creme. Embora seja discreto, ele impede o uso total da quantidade declarada no rótulo.
O assunto tem gerado curiosidade e reclamações, já que essa alteração não era comum há alguns anos e faz com que parte do creme acabe descartada junto com a embalagem.
As embalagens tradicionais permitiam espremer o produto até o fim. Hoje, um pequeno pedaço de plástico rígido fica instalado no orifício de saída do tubo, bloqueando a passagem do conteúdo que fica na base.
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Segundo análise realizada pela redação, embalagens que informam 145 mg trazem cerca de 5 mg impossíveis de extrair. Essa parcela mínima, mas ainda significativa, fica presa justamente atrás do mecanismo.
O recurso impede que o consumidor empurre o produto restante em direção à boca do tubo, prática comum nas antigas embalagens de alumínio, que facilitavam o aproveitamento integral do creme.
A indústria de cremes dentais busca constantemente otimizar custos e aumentar margens. A introdução desse obstáculo plástico levanta suspeitas de que ele pode incentivar compras mais frequentes.
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Embora não exista posicionamento oficial das empresas, especialistas em consumo afirmam que pequenas mudanças em embalagens podem alterar significativamente o ritmo de reposição do produto.
Nos últimos anos, diversos setores investiram em soluções que reduzem desperdício para a indústria, não necessariamente para o consumidor. A ideia, afirmam analistas, é manter estabilidade no volume de vendas.
Mesmo que o volume perdido pareça pequeno, a soma repetida em milhões de unidades vendidas cria impacto relevante para o mercado — mas também para o consumidor e para o meio ambiente.
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Para quem cresceu espremendo o tubo até o limite, a mudança é facilmente percebida. A peça plástica impede que o creme preso na extremidade inferior seja empurrado para a saída.
Muitos consumidores relatam que a única forma de acessar essa porção é cortar o tubo com tesoura ou faca, procedimento pouco prático e que expõe o conteúdo ao ambiente.
Essa experiência reforça a frustração de quem gostaria de usar 100% do creme pago. Apesar de parecer detalhe, o mecanismo interfere na relação de confiança entre consumidor e marca.
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Além do problema do desperdício, há outro ponto relevante: a composição das embalagens. Hoje, os tubos são feitos quase inteiramente de plástico, material que gera impacto ambiental significativo.
Não há clareza sobre quantos desses plásticos são reciclados ou reaproveitados pelas empresas. O que se sabe é que o modelo atual é muito mais nocivo ao meio ambiente do que os antigos tubos metálicos.
Especialistas em sustentabilidade lembram que embalagens plásticas finas são difíceis de reciclar, exigem processamento complexo e acabam, muitas vezes, descartadas em aterros ou cursos d’água.
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Enquanto isso, as antigas embalagens de alumínio permitiam maior extração do produto e tinham taxa de reciclagem mais alta, já que o material tem valor econômico no mercado de reaproveitamento.
A percepção de que parte do creme é desperdiçada reacende discussões sobre transparência das indústrias e respeito ao consumidor. A sensação é de pagar por algo que não pode ser usado por completo.
Com embalagens menos eficientes e mais agressivas ao ambiente, cresce a cobrança por alternativas mais sustentáveis. Empresas que investirem em formatos recicláveis ou reutilizáveis podem conquistar vantagem competitiva.
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No fim, a pequena peça de plástico instalada no tubo representa mais do que um obstáculo físico. Ela reflete escolhas industriais, impacto ambiental e um debate cada vez mais presente sobre consumo consciente.
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