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Novo estudo sugere que benefícios do ciclismo vão além da força muscular e atingem o sistema nervoso | Foto: Reprodução/Freepik
Segundo a Fundação Parkinson, cerca de 10 milhões de indivíduos no mundo convivem com a doença de Parkinson — um distúrbio neurológico que interfere na capacidade de movimento.
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Essa condição compromete o sistema nervoso central, incluindo o cérebro, e afeta diretamente seu funcionamento.
“O cérebro é um sistema dinâmico e em constante transformação, e o Parkinson interfere nesse sistema de forma complexa e mutável”, explicou o dr. Aasef Shaikh, MD, PhD.
Aased também é professor e vice-presidente de pesquisa, além de diretor do Centro de Pesquisa e Educação do Instituto Neurológico do University Hospitals Cleveland Medical Center, Departamento de Neurologia.
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“Mesmo sem doenças, o cérebro sofre alterações naturais com o envelhecimento. Quando uma enfermidade degenerativa como o Parkinson aparece, ela acrescenta novas camadas de complexidade e causa interrupções irregulares no funcionamento cerebral”, acrescentou.
Shaikh é o autor principal de um estudo recém-publicado na revista Clinical Neurophysiology, no qual foi identificado que o ciclismo pode ajudar a recuperar conexões neurais prejudicadas pela doença de Parkinson.
Na pesquisa, nove adultos com Parkinson participaram de 12 sessões de ciclismo distribuídas ao longo de quatro semanas. Todos já possuíam dispositivos de estimulação cerebral profunda (DBS) implantados antes do início do experimento.
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“O estudo aproveitou a DBS por sua habilidade exclusiva de registrar a atividade neural nas áreas cerebrais próximas ao eletrodo de estimulação”, explicou Shaikh. “Com isso, os cientistas investigaram como a prática de exercícios pode influenciar e até reorganizar a função cerebral.”
O método utilizou um programa de ciclismo adaptativo, no qual a bicicleta “aprendia” gradualmente o desempenho de cada participante. Por exemplo, enquanto uma tela mostrava a intensidade da pedalada, a resistência da bicicleta era ajustada de acordo com o esforço do ciclista.
Ao término da pesquisa, Shaikh e sua equipe observaram que os participantes apresentaram alterações mensuráveis nos sinais cerebrais ligados ao controle motor e aos movimentos após as 12 sessões de ciclismo.
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O MNT conversou com Daniel H. Daneshvar, MD, PhD, chefe de Reabilitação de Lesões Cerebrais no Mass General Brigham e professor associado da Harvard Medical School, sobre os achados.
Segundo Daneshvar, trata-se de um estudo inovador e encorajador que aborda uma questão essencial: em que medida o exercício provoca mudanças reais no cérebro de pessoas com doença de Parkinson?
O MNT também entrevistou Samer Tabbal, MD, neurologista e diretor do programa de distúrbios do movimento no Baptist Health Miami Neuroscience Institute, ligado ao Baptist Health South Florida.
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“O benefício motor do exercício para pacientes com Parkinson já foi comprovado em diversos estudos anteriores”, afirmou Tabbal.
Este trabalho é uma boa tentativa de mostrar de que maneira a atividade física gera esses benefícios motores, ao revelar como ela modifica o comportamento celular mesmo em cérebros lesionados.
Essa capacidade de adaptação, que inclui a criação de novas conexões, é chamada de neuroplasticidade.
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“Um ponto interessante foi a constatação de que o ciclismo dinâmico não trouxe efeitos imediatos relevantes nos indicadores avaliados, mas mostrou benefícios claros em longo prazo”, destacou.
Isso sugere que a atividade física deve ser encarada como um investimento contínuo, em que o paciente precisa manter a prática sem esperar ganhos imediatos.
O neurologista comparou os benefícios a longo prazo com o desenvolvimento de uma amizade sólida, construída ao longo do tempo.
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Para Tabbal, conhecimento significa poder, entendido como a capacidade de mudança, e quanto mais compreendermos como o exercício melhora o cérebro, mais eficaz será o uso dessa prática para controlar os sintomas.
“No futuro, entendendo de forma mais profunda como a atividade física melhora a função cerebral, poderemos buscar outras estratégias capazes de oferecer resultados iguais ou até melhores, como medicamentos, estimulação elétrica ou magnética, música ou até terapias com luz”, completou.
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