Como deixar sua mente mais rápida em 6 passos, segundo professor da USP

Assim como cuidamos dos ossos com cálcio e dos músculos com exercícios, o cérebro também precisa de atenção especial. Mas o que, afinal, podemos fazer para mantê-lo saudável e em plena forma?

A chamada saúde cerebral é a capacidade do cérebro de desempenhar suas funções ao longo da vida, aprender, sentir, se emocionar, controlar movimentos e se adaptar.

Pesquisas científicas apontam que certos hábitos podem impulsionar o desempenho mental. O tema foi destaque no último congresso Brain (Cérebro, Comportamento e Emoções), realizado em Fortaleza, no Ceará.

Veja seis atitudes que, segundo especialistas, ajudam a deixar a mente mais rápida e eficiente:

1 - Cuide da alimentação

Não há cápsula milagrosa para turbinar o cérebro, quem faz isso é uma boa alimentação, explica o neurocirurgião e neurocientista Fernando Gomes, professor da Faculdade de Medicina da USP.

“Alimentos ricos em ácidos graxos ômega-3, antioxidantes e vitaminas contribuem para a saúde cerebral. O consumo de peixes gordurosos, nozes, frutas e vegetais está associado a um menor risco de declínio cognitivo“, afirmou em apresentação no congresso Brain. 

Vegetais de folhas verdes, como couve e espinafre, além do brócolis, ajudam a preservar a memória e a capacidade de raciocínio. Peixes como salmão, bacalhau e atum light em lata devem aparecer no prato pelo menos duas vezes por semana.

As frutas vermelhas também são boas aliadas: ricas em flavonoides, elas favorecem a memória e a concentração.

2 - Mantenha o corpo ativo

“A prática regular de exercícios físicos está diretamente relacionada à melhoria da função cognitiva. O exercício aumenta a formação de novas células nervosas, um fenômeno chamado neurogênese", destacou Fernando.

Além de estimular o cérebro, o movimento libera proteínas essenciais para os neurônios, conhecidas como fatores neurotróficos. Em outras palavras, mexer o corpo é uma forma eficaz de ativar a mente.

Estudos ainda mostram que a prática física ajuda no controle da dor, reduz sintomas de depressão e ansiedade, e melhora o sono e o humor. Mas para aproveitar tudo isso, é essencial manter uma rotina constante.

3 - Durma bem

“O sono é crucial para o funcionamento cerebral. Durante o sono, o cérebro processa informações e se recupera. Estudos sugerem que a privação do sono afeta negativamente a memória, a atenção e a capacidade de aprendizado”, diz o neurocientista.

O sono, por si só, é uma ótima forma de manter o cérebro descansado, mas ele serve principalmente como uma ponte, que traz alguns outros benefícios essenciais, como a redução do estresse.

4 - Redução do estresse

Situações de estresse fazem o corpo liberar hormônios como adrenalina e cortisol. Em excesso, essas substâncias atrapalham a concentração, a memória e o controle emocional.

Com o tempo, o estresse contínuo prejudica o cérebro, aumenta a pressão arterial e interfere no sono, essencial para o bem-estar mental. Além da irritabilidade e do cansaço, o acúmulo de toxinas no cérebro é outro efeito perigoso das noites mal dormidas.

5 - Estimule sua mente

Atividades que desafiam o raciocínio, como palavras-cruzadas, quebra-cabeças, jogos de lógica e o aprendizado de novas habilidades, são ótimas para manter a mente ativa.

“Estudos indicam que o engajamento em atividades cognitivamente desafiadoras está associado a um retardamento do declínio cognitivo”, ressalta Fernando.

6 - Socialização

Interagir socialmente também faz bem ao cérebro, mas não vale conversa sem propósito. É preciso buscar conexões saudáveis e estimulantes.

“Interações estimulantes e relações saudáveis estão associadas a um melhor desempenho cognitivo e a menor incidência de doenças neurodegenerativas”, reforça Fernando.

No fim das contas, uma mente mais rápida e saudável depende de um conjunto equilibrado: boa alimentação, exercícios regulares, sono de qualidade, controle do estresse, desafios mentais e vida social ativa.

“A implementação dessas práticas pode não apenas melhorar a função cognitiva, mas também proteger contra o declínio cognitivo ao longo do tempo. Consultar profissionais de saúde para orientações personalizadas também é uma boa prática”, finaliza o especialista.