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A presença de cobras e escorpiões em áreas residenciais, especialmente nos quintais, causa muita preocupação em moradores | Rodrigo Pivas/Gazeta de S.Paulo
A presença de cobras e escorpiões em áreas residenciais, especialmente nos quintais, causa muita preocupação em moradores. Por isso, é comum buscar métodos para afastá-los. Entre as soluções populares, o uso de plantas repelentes é frequentemente mencionado. Mas será que elas realmente funcionam? O que a ciência diz sobre isso?
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Apesar da crença disseminada de que certas plantas podem repelir cobras e escorpiões, a comprovação científica dessas alegações é limitada ou até inexistente. O suposto efeito repelente é geralmente atribuído a odores fortes, texturas desagradáveis ou à capacidade de atrair predadores desses animais.
A eficácia real de plantas como repelente direto para cobras e escorpiões carece de estudos científicos aprofundados e conclusivos. Muitas vezes, um efeito observado pode ser indireto, como a repelência de insetos que servem de alimento para escorpiões, ou pode ser apenas uma coincidência sem base científica.
Cobras utilizam principalmente o órgão de Jacobson (órgão sensorial olfativo auxiliar presente em muitos animais, incluindo anfíbios, répteis e mamíferos) para detectar partículas químicas no ambiente, complementando seu olfato.
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Escorpiões, por sua vez, possuem estruturas sensoriais nas pernas e pedipalpos para perceber vibrações e odores ao redor. Odores intensos podem, sim, causar desconforto a esses animais.
No entanto, não há evidências científicas robustas confirmando que plantas específicas, sozinhas, criem uma barreira impenetrável. Elas também não garantem o afastamento eficaz e duradouro desses animais do quintal. A ciência ainda investiga a fundo essa relação complexa.
Em caso de ataque de cobras, é necessário atenção aos primeiros socorros.
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Diversas espécies vegetais são popularmente indicadas contra cobras e escorpiões. Contudo, é vital analisar o que a ciência descobriu sobre elas.
A arruda (Ruta graveolens), por exemplo, possui odor forte e uso tradicional, mas faltam evidências consistentes de sua eficácia contra cobras ou escorpiões.
A citronela (Cymbopogon nardus), famosa por repelir mosquitos, não tem ação cientificamente comprovada contra cobras e escorpiões. Seu odor forte pode ser incômodo, mas não garante que os animais fiquem longe.
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O alho (Allium sativum), com seu cheiro forte de compostos sulfurados, é creditado com propriedades repelentes. Existem alguns indícios contra certos invertebrados ou espécies específicas de serpentes, mas faltam estudos controlados para validar seu uso geral em quintais.
Tagetes (Cravo-de-defunto), conhecidas por repelir nematoides e insetos voadores, não possuem dados científicos sólidos que as liguem à repelência de cobras ou escorpiões. O nim (Azadirachta indica) tem ação inseticida conhecida contra muitos insetos.
Assim, o nim pode, indiretamente, tornar o ambiente menos atraente para escorpiões ao reduzir sua fonte de alimento (insetos). Mas ele não age como repelente direto de escorpiões ou cobras. Já a lavanda e a sálvia, apesar de usos populares, carecem de base científica para repelir esses peçonhentos.
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Considerando a eficácia limitada das plantas como repelentes diretos, a melhor abordagem para afastar cobras e escorpiões envolve manejo ambiental integrado. O objetivo principal é tornar o quintal menos atraente para eles, eliminando abrigos e fontes de alimento.
Limpar e organizar o quintal é fundamental. Remova entulhos, pilhas de madeira, telhas, tijolos, pedras e folhagem densa acumulada, pois são ótimos esconderijos. Manter a grama aparada e jardins bem cuidados também ajuda, evitando vegetação rasteira excessiva.
Controlar as fontes de alimento é outra medida essencial. Elimine ou controle roedores (ratos e camundongos), que são presas para muitas cobras. Controle também insetos como baratas, grilos e aranhas, principal alimento dos escorpiões. Vedar lixeiras e descartar lixo orgânico corretamente contribui para isso.
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Vedar acessos à casa é crucial. Inspecione e feche frestas, buracos e vãos em muros, paredes, pisos e fundações. Instalar telas em ralos, pias, banheiros e áreas de serviço, além de janelas e portas, impede a entrada.
Por fim, cuide da água e da umidade. Evite acúmulo de água parada em recipientes, pois atrai insetos que servem de presa. Corrigir vazamentos e problemas de umidade excessiva também é importante, já que escorpiões buscam locais úmidos para se abrigar.
A combinação dessas práticas de manejo ambiental é muito mais eficaz do que depender apenas de plantas. A ideia das plantas é atraente, mas a estratégia mais confiável para minimizar a presença de cobras e escorpiões é focar em eliminar abrigos, reduzir alimento e vedar pontos de entrada.
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