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Por que algumas cervejas têm uma espuma mais firme e duradoura, segundo um novo estudo

Uma pesquisa da ETH Zurich explica o que faz certas cervejas manterem uma espuma mais densa por mais tempo

José Adryan

11/12/2025 às 12:15

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A pesquisa demorou 7 anos para ser concluida

A pesquisa demorou 7 anos para ser concluida | Freepik

Você está em uma noite com amigos, finalmente relaxando depois de uma semana cheia. Cada um pede uma cerveja diferente. De repente, vocês percebem que a espuma do seu copo é muito mais “compacta” do que a dos outros.

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 a descoberta vai muito além do visual da espuma: ela envolve a física e a química que determinam sua estabilidade e duração
a descoberta vai muito além do visual da espuma: ela envolve a física e a química que determinam sua estabilidade e duração
 o que parece apenas um detalhe estético é, na verdade, um dos indicadores mais confiáveis da qualidade de uma cerveja (Fotos: Freepik)
o que parece apenas um detalhe estético é, na verdade, um dos indicadores mais confiáveis da qualidade de uma cerveja (Fotos: Freepik)

O que normalmente passa despercebido virou objeto de estudo de cientistas do Instituto Federal Suíço de Tecnologia, em Zurique. Eles descobriram o que diferencia as cervejas que mantêm uma espuma firme daquelas em que ela desaparece rapidamente.

A pesquisa foi publicada na revista Physics of Fluids. E a descoberta vai muito além do visual da espuma: ela envolve a física e a química que determinam sua estabilidade e duração.

O que diz o estudo de sete anos

O ponto de partida veio de uma conversa curiosa. Jan Vermant, coordenador do estudo e professor da ETH Zurich, perguntou a um mestre cervejeiro belga como a produção era controlada. A resposta foi direta: tudo girava em torno da observação da espuma.

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A partir disso, a equipe passou a investigar quais forças físicas e estruturas químicas impedem a espuma de “colapsar” logo após se formar.

O estudo não foi rápido. A pesquisa durou mais de sete anos até que os cientistas chegassem às conclusões mais importantes.

Eles começaram analisando as proteínas presentes no malte, especialmente uma chamada LTP1. Essa proteína é considerada essencial para a formação da camada de espuma.

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Durante a fermentação, a LTP1 sofre mudanças profundas na sua estrutura. Em algumas cervejas, ela se quebra em fragmentos menores.

Esses fragmentos se comportam como “surfactantes”: partes das moléculas atraem a água, enquanto outras a repelem. Isso faz com que elas se organizem ao redor das bolhas de gás.

O resultado é a formação de uma espécie de “membrana” mais resistente, capaz de manter a espuma intacta por mais tempo.

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Existe diferença entre os estilos de cerveja

Os pesquisadores também descobriram que não existe uma única regra para todas as cervejas. Cada estilo possui mecanismos físicos próprios que influenciam a estabilidade da espuma.

Foram analisadas cervejas dos tipos Tripel, Dubbel e Singel. A partir disso, surgiu uma hierarquia clara.

As Tripel apresentaram a espuma mais estável. Em segundo lugar vieram as Dubbel. Já as Singel mostraram uma espuma menos duradoura.

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Isso acontece porque o teor alcoólico mais baixo e a fermentação mais leve produzem menos fragmentos proteicos capazes de reforçar a espuma.

Na prática, isso explica por que algumas cervejas mantêm uma espuma compacta por vários minutos, enquanto outras a perdem em poucos segundos.

O efeito físico que faz a espuma “se auto-reparar”

Mas a explicação não termina na química das proteínas. Entra em cena um fenômeno físico chamado efeito Marangoni.

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De forma simples: quando surgem diferenças de tensão na superfície da cerveja, pequenos fluxos microscópicos são gerados. Esses fluxos redistribuem constantemente as proteínas ao redor das bolhas.

Com isso, a película que envolve a espuma se fortalece o tempo todo. É como se a espuma conseguisse “se auto-reparar”, atrasando o afinamento natural que levaria ao colapso.

O que os cientistas concluíram

Os pesquisadores conseguiram identificar três pilares que definem a estabilidade da espuma:

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  • a viscoelasticidade da película líquida
  • a estrutura das proteínas
  • o efeito Marangoni

Não existe uma fórmula única que sirva para todas as cervejas. Na prática, foi criado um verdadeiro “mapa” dos processos que explicam por que a espuma some rapidamente em algumas e dura vários minutos em outras.

Esse avanço pode trazer impactos diretos para as cervejarias. Com essas informações, será possível ajustar ingredientes, métodos e tempos de fermentação para alcançar o resultado desejado.

No fim das contas, o que parece apenas um detalhe estético é, na verdade, um dos indicadores mais confiáveis da qualidade de uma cerveja.

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E da próxima vez que você notar uma espuma mais firme do que o normal, já vai saber: não é só estilo. É física e química trabalhando juntas.

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