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A pesquisa demorou 7 anos para ser concluida | Freepik
Você está em uma noite com amigos, finalmente relaxando depois de uma semana cheia. Cada um pede uma cerveja diferente. De repente, vocês percebem que a espuma do seu copo é muito mais “compacta” do que a dos outros.
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O que normalmente passa despercebido virou objeto de estudo de cientistas do Instituto Federal Suíço de Tecnologia, em Zurique. Eles descobriram o que diferencia as cervejas que mantêm uma espuma firme daquelas em que ela desaparece rapidamente.
A pesquisa foi publicada na revista Physics of Fluids. E a descoberta vai muito além do visual da espuma: ela envolve a física e a química que determinam sua estabilidade e duração.
O ponto de partida veio de uma conversa curiosa. Jan Vermant, coordenador do estudo e professor da ETH Zurich, perguntou a um mestre cervejeiro belga como a produção era controlada. A resposta foi direta: tudo girava em torno da observação da espuma.
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A partir disso, a equipe passou a investigar quais forças físicas e estruturas químicas impedem a espuma de “colapsar” logo após se formar.
O estudo não foi rápido. A pesquisa durou mais de sete anos até que os cientistas chegassem às conclusões mais importantes.
Eles começaram analisando as proteínas presentes no malte, especialmente uma chamada LTP1. Essa proteína é considerada essencial para a formação da camada de espuma.
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Durante a fermentação, a LTP1 sofre mudanças profundas na sua estrutura. Em algumas cervejas, ela se quebra em fragmentos menores.
Esses fragmentos se comportam como “surfactantes”: partes das moléculas atraem a água, enquanto outras a repelem. Isso faz com que elas se organizem ao redor das bolhas de gás.
O resultado é a formação de uma espécie de “membrana” mais resistente, capaz de manter a espuma intacta por mais tempo.
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Os pesquisadores também descobriram que não existe uma única regra para todas as cervejas. Cada estilo possui mecanismos físicos próprios que influenciam a estabilidade da espuma.
Foram analisadas cervejas dos tipos Tripel, Dubbel e Singel. A partir disso, surgiu uma hierarquia clara.
As Tripel apresentaram a espuma mais estável. Em segundo lugar vieram as Dubbel. Já as Singel mostraram uma espuma menos duradoura.
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Isso acontece porque o teor alcoólico mais baixo e a fermentação mais leve produzem menos fragmentos proteicos capazes de reforçar a espuma.
Na prática, isso explica por que algumas cervejas mantêm uma espuma compacta por vários minutos, enquanto outras a perdem em poucos segundos.
Mas a explicação não termina na química das proteínas. Entra em cena um fenômeno físico chamado efeito Marangoni.
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De forma simples: quando surgem diferenças de tensão na superfície da cerveja, pequenos fluxos microscópicos são gerados. Esses fluxos redistribuem constantemente as proteínas ao redor das bolhas.
Com isso, a película que envolve a espuma se fortalece o tempo todo. É como se a espuma conseguisse “se auto-reparar”, atrasando o afinamento natural que levaria ao colapso.
Os pesquisadores conseguiram identificar três pilares que definem a estabilidade da espuma:
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Não existe uma fórmula única que sirva para todas as cervejas. Na prática, foi criado um verdadeiro “mapa” dos processos que explicam por que a espuma some rapidamente em algumas e dura vários minutos em outras.
Esse avanço pode trazer impactos diretos para as cervejarias. Com essas informações, será possível ajustar ingredientes, métodos e tempos de fermentação para alcançar o resultado desejado.
No fim das contas, o que parece apenas um detalhe estético é, na verdade, um dos indicadores mais confiáveis da qualidade de uma cerveja.
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E da próxima vez que você notar uma espuma mais firme do que o normal, já vai saber: não é só estilo. É física e química trabalhando juntas.
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