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O Brasil é o segundo país do mundo com mais negros em números absolutos, apenas atrás da Nigéria | Luis Quintero/Unsplash
O mês de novembro acompanha duas datas muito importantes na luta contra a discriminação racial: 18 de novembro é o Dia Nacional de Combate ao Racismo e no dia 20 de novembro é o feriado do Dia da Consciência Negra.
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Um dos pilares principais dessa luta é o antirracismo, termo que tem se tornado cada vez mais evidente na sociedade.
O Brasil é o segundo país do mundo com mais negros em números absolutos, apenas atrás da Nigéria. Em território nacional há 120 milhões de pessoas que se identificam como pretas ou pardas. É o maior grupo racial do Brasil.
A filósofa e ativista estadunidense Angela Davis afirma que “numa sociedade racista, não basta não ser racista. É necessário ser antirracista”, ou seja, é preciso muito mais que apenas não concordar com atos de discriminação racial, é necessário combater.
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No Brasil, a fala de Davis é desdobrada por organizações de educação racial, como a Educafro.
A Gazeta conversou com Rodrigo Martins, professor de história e geografia e coordenador nacional da instituição, que explicou o que é, como praticar e a importância do antirracismo.
"Não basta você dizer 'eu não sou racista, pra mim todos são iguais'. É preciso lutar pela causa, pela inclusão. É ai que surge a importância da educação. Só a educação tem o poder de transformar as pessoas através ou além da cor da pele", afirma Martins.
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Na entrevista gravada para o canal da Gazeta, Rodrigo Martins compartilha algumas formas de combater a discriminação racial e ajudar os aliados a não reproduzir falas e ações de racismo estrutural.
Para quem não conhece ou não teve contato com pautas sociais atreladas a diversidade étnica, a melhor forma de começar a se tornar um aliado é estudando.
Leia livros antirracistas, de autores negros, além de livros sobre história e relatos que mostram como a sociedade trata as pessoas negras.
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"Nós só conseguiremos entender que vivemos em uma sociedade igualitária quando nós tivermos as mesmas oportunidades. E nós sabemos que hoje o espaço de oportunidade, não é o mesmo para as pessoas de etnias diferentes", diz Martins.
Ter contato com pessoas que atuam ativamente em causas sociais poderá ajudar a entender como funcionam as pautas antirracistas.
Devido ao racismo estrutural, muitas vezes não há referências de pessoas negras em cargos de poder, no ambiente de trabalho. Por isso, sempre que possível traga profissionais negros para sua rotina.
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Em empregos de cargos altos e de protagonismo, essa disparidade se evidência ainda mais, disse o especialista.
"Vou te dar um exemplo bem simples disso: os desembargadores do estado de São Paulo [que são 360 em sua totalidade]. Apenas três são negros. O número de pessoas que fazem medicina nas universidades públicas, temos uma média de 5% que são negros. Nas empresas multinacionais, dos presidentes, apenas de 3 a 6% são negros", explicou Rodrigo Martins.
A luta do antirracismo é fundamental para a evolução da sociedade. Mesmo em 2024, ainda ocorrem atos e situações que evidenciam o racismo estrutural e enraizado presente no cotidiano.
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"Por todos esses dados, pela falta de espaço para o povo negro, é preciso a luta do antirracismo. As pessoas precisam entender que não basta dizer 'não sou racista', é preciso defender para que o outro também não seja", acrescentou.
O racismo estrutural acontece quando a sociedade vive de uma maneira que menospreza o povo negro e torna essa prática "natural". Além disso, pessoas negras são sempre associadas a posições de menor destaque.
Em uma sociedade com este cenário, é comum que as pessoas imaginem uma pessoa em situação de rua com pele retinta, mas não o contrário, explica Martins.
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De acordo com Rodrigo, nas escolas públicas, 73% de pessoas são consideradas pretas e pardas.
Quando falamos das Fundações Casa, 76% das pessoas, em média, são pardas e negras.
"Ou seja, quando falamos do racismo estrutural, estamos falando de uma sociedade que entende que o espaço de poder não é para as pessoas negras. É como se você tivesse tirado alguém do seu espaço, do seu habitat natural", explicou o especialista.
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Para finalizar, o especialista citou um trecho da canção "Capítulo 4, Versículo 3" dos Racionais MC's, que contém algumas estimativas sobre a violência e a discriminação racial no Brasil:
"A cada 4 pessoas mortas pela polícia, 3 são negras
Nas universidades brasileiras, apenas 2% dos alunos são negros
A cada 4 horas, um jovem negro morre violentamente em São Paulo".
São números inexatos, mas que ajudam a ilustrar a importância de praticar o antirracismo, não só nos feriados dedicados, mas todos os dias.
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