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Pressão alta é perigosa até para o cérebro; entenda | Freepik
Por muito tempo, os efeitos da pressão alta foram associados principalmente a problemas no coração e nos rins. Mas estudos recentes têm mostrado que o cérebro também é diretamente afetado, e muitas vezes de forma silenciosa.
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Um levantamento publicado no The Journal of Physiology revelou que a hipertensão prolongada altera três elementos centrais da saúde cerebral: a pressão intracraniana (PIC), a complacência craniana (ICC) e a barreira hematoencefálica (BHE).
Esses fatores são responsáveis por manter o equilíbrio de volumes e pressões dentro do crânio, além de proteger o cérebro contra toxinas e inflamações. Quando sofrem alterações, podem levar ao comprometimento cognitivo, ao risco de AVC e até ao desenvolvimento precoce de demência.
Em entrevista ao Jornal da Unesp o neurocientista Eduardo Colombari, da Unesp de Araraquara, um dos autores do levantamento, comenta que em certos casos, parte desses danos pode ser revertido com o tratamento adequado, principalmente se identificado precocemente.
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Um dos pontos que mais chamou atenção no estudo foi a análise da chamada “onda de pressão intracraniana”. Em um cérebro saudável, essa onda apresenta um padrão específico: o pico P1 é maior que o P2.
Quando essa relação se inverte, indica que a complacência cerebral está reduzida e o cérebro perdeu parte da sua capacidade de se adaptar a alterações internas. Outro ponto abordado pelos pesquisadores é o impacto da hipertensão sobre o sistema nervoso autônomo.
A longo prazo, ela provoca uma hiperatividade do sistema simpático, responsável por regular funções como frequência cardíaca e pressão arterial. O cérebro, então, perde sua capacidade de autorregulação, criando um ciclo vicioso: a hipertensão afeta o cérebro, e o cérebro afetado perde o controle sobre a própria pressão.
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A integridade da barreira hematoencefálica (BHE) também entra nesse ciclo. Quando essa estrutura é danificada, o cérebro fica mais vulnerável a substâncias inflamatórias, o que pode acelerar processos neurodegenerativos.
“A ruptura da BHE pode preceder até a perda de memória, funcionando como um gatilho para o declínio cognitivo”, afirma Colombari.
O estudo reforça que monitorar a pressão e os sinais cerebrais relacionados é fundamental para evitar prejuízos mais graves. Medicamentos como a losartana, por exemplo, se mostraram eficazes na reversão de danos à PIC, ICC e BHE em modelos experimentais.
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Já outras drogas, como a hidralazina, não oferecem os mesmos benefícios neurológicos.
A Organização Mundial da Saúde também recomenda o uso de métodos como o MAPA (monitoramento ambulatorial) e o MRPA (monitoramento residencial) para avaliar a ausência de queda da pressão arterial durante o sono (o chamado non-dipping), que aumenta os riscos cerebrais.
“Observar padrões como o índice P2/P1 e a integridade da BHE permite intervenções antes do surgimento dos sintomas. Isso é o que pode mudar a trajetória de muitos pacientes”, conclui Colombari.
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