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Saiba o que é sexualidade fluída, uma orientação sexual famosa entre os jovens | Pexels/Ketut Subiyanto
Com o mundo em constante mudança, o debate para "novos modelos" de identidades de gêneros tem surgido no meio da sociedade. Uma delas é a sexualidade fluída, uma orientação afetivo-sexual não-fixa em que a atração pode mudar por diferente gêneros em diversos momentos da vida.
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O tema ganhou destaque com o personagem Sardinha de "Vale Tudo", interpretado por Lucas Leto, que representa essa orientação em constante movimento.
Segundo a psicóloga Bruna Luz, essa vivência afetiva legítima pode mudar por diferentes gêneros em distintos momentos da vida, sem a necessidade de rótulos rígidos.
O conceito tem ganhado visibilidade e promovido um diálogo mais aberto sobre as diversas formas de se relacionar.
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A sexualidade fluída é a capacidade de sentir atração por diferentes gêneros em momentos distintos da vida, sem se prender a definições fixas.
Essa orientação não é uma confusão, mas sim uma manifestação legítima do desejo. Ela pode evoluir com o tempo e as experiências pessoais, refletindo a vivência afetiva de cada um.
Ser sexualmente fluido não significa estar "em dúvida" ou "em cima do muro". Pelo contrário, representa um reconhecimento profundo de que o desejo pode se manifestar de formas diversas, sendo parte essencial da construção da identidade de uma pessoa.
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Não existe um teste exato para determinar a fluidez sexual. Na verdade, é um processo de escuta interna e de percepção do próprio desejo. Se você já se sentiu atraído por pessoas de diferentes gêneros em momentos distintos, isso pode ser um indicativo de fluidez.
Além disso, é fundamental entender que essa orientação não precisa ser decidida com pressa ou baseada na expectativa de outros. O mais importante é permitir-se viver sua verdade e praticar o autoconhecimento, mesmo que o desejo mude com o tempo.
Embora sejam frequentemente confundidas, sexualidade fluida e bissexualidade apresentam diferenças claras. Pessoas bissexuais sentem atração por dois ou mais gêneros de forma mais estável e contínua, ou seja, elas se reconhecem assim de forma mais consistente.
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Por outro lado, a sexualidade fluida diz respeito à mudança na orientação ao longo do tempo. Um indivíduo pode, por exemplo, passar anos se relacionando com pessoas de um gênero e, em outro momento da vida, sentir atração por outro.
Essa transição não invalida o que foi vivido anteriormente. Portanto, a diferença está menos no "quem" se sente atração e mais na forma "como" o desejo se move e se manifesta ao longo da vida de uma pessoa.
Segundo uma matéria feita pela BBC, existem dados que indicam que a fluidez sexual é mais prevalente entre as mulheres em muitos países, em taxas significativamente maiores que nos homens. Essa é uma mudança notável em comparação com o passado.
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Especialistas atribuem essa tendência a diversos fatores, principalmente às mudanças culturais. O avanço do feminismo e do movimento das mulheres, por exemplo, alterou o cenário sociopolítico, permitindo que elas rompessem com papéis e identidades de gênero convencionais.
Essa evolução no papel feminino tem sido notável, com mulheres em idade universitária se afastando cada vez mais da heterossexualidade exclusiva entre 2011 e 2019. Renunciar a essa exclusividade pode ser visto como parte da libertação feminina dos papéis tradicionais.
Enquanto as mulheres ganham mais liberdade, os papéis de gênero masculinos permaneceram mais estáticos, mantendo um poder significativo na sociedade. Isso significa que os homens, muitas vezes, precisam defender um papel de gênero muito masculino para preservar esse poder.
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Parte fundamental da masculinidade tradicional é a heterossexualidade. Expressar interesse pelo mesmo sexo, portanto, pode reduzir esse poder. A masculinidade é um "conceito frágil", que pode ser "violado" pela atração pelo mesmo sexo, como afirmam especialistas.
Adicionalmente, a "fetichização" de duas mulheres fazendo sexo ou se beijando sob o olhar masculino tornou a atração pelo mesmo sexo entre mulheres mais socialmente aceitável, embora por motivos equivocados.
Em contrapartida, a sociedade parece achar a ideia de dois homens fazendo sexo muito menos palatável. Um estudo de 2019 mostrou, de forma geral, que "os gays são mais malvistos do que as mulheres lésbicas" em diversos países.
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Os espaços para as mulheres discutirem abertamente sua sexualidade aumentaram consideravelmente ao longo do tempo. Pesquisas sobre fluidez sexual, que no início dos anos 90 focavam em homens, se expandiram para incluir as mulheres.
O livro de Lisa Diamond, "Sexual Fluidity: Understanding Women's Love and Desire", publicado em 2008, foi um marco. A obra, com a participação da autora em programas de grande alcance, como o de Oprah Winfrey, levou o conceito para o debate popular.
Além disso, a linguagem evoluiu para reconhecer identidades sexuais não-binárias, incluindo as femininas. Termos como "queer" se tornaram mais aceitáveis, ampliando as opções de autoidentificação e promovendo um diálogo mais inclusivo para todos os gêneros.
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A fluidez sexual pode, eventualmente, adentrar mais espaços masculinos. Tendências em plataformas como o TikTok, em que jovens homens heterossexuais se representam como gays em seus vídeos, sugerem uma mudança nas atitudes em relação à masculinidade.
Independentemente das intenções por trás dessas representações, essa tendência indica uma transformação que pode indicar que mais homens abracem a fluidez no futuro. Mulheres sexualmente fluidas, ao falarem abertamente, também contribuem para essa discussão.
A cultura se envergonha muito da sexualidade, segundo especialistas. Qualquer coisa que torne mais fácil e aceitável para as pessoas refletirem sobre seus desejos, de forma livre de julgamentos e vergonha, tem o potencial de expandir as possibilidades sexuais para todos.
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Por fim, especialistas afirmam que há uma necessidade em libertar os homens da heterossexualidade compulsória e da masculinidade tradicional. Isso pode ter um resultado semelhante ao que ocorreu com as mulheres, permitindo maior diversidade na sexualidade masculina.
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