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A obcessão por produtividade pode prejudicar sua saúde mental | Foto: Reprodução/Freepik
Você já notou que pequenas estratégias como separar a roupa na noite anterior ou responder e-mails enquanto caminha na esteira se tornaram hábitos comuns?
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Esses são exemplos de um comportamento crescente em nossa sociedade: as microeficiências. Elas são pequenos truques que ajudam a economizar tempo nas tarefas do dia a dia.
A princípio, parecem inofensivas e até mesmo úteis, mas levantam uma questão importante: seriam sinais de uma sociedade cada vez mais sobrecarregada e obcecada por produtividade?
Para muitas pessoas, como a engenheira Vanessa Duarte, de 47 anos, essa otimização do tempo surge como uma necessidade, uma resposta a agendas apertadas e múltiplas responsabilidades.
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Ela conta que organiza o café da manhã na noite anterior para facilitar a rotina e divide a lista de compras por setores para ganhar tempo no supermercado.
"Comecei a ter a sensação de que faltam horas no meu dia", relata Vanessa, ao UOL.
A gerente de operações Luiza Secco, de 31 anos, explica que para ela a otimização do tempo virou algo automático. "É uma questão de aproveitar bem o meu tempo", diz Luiza ao UOL.
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Ela uniu o útil ao agradável ao ouvir podcasts enquanto dirige, fazer cursos de idioma ou responder mensagens durante os trajetos no carro e até mesmo ler notícias ou artigos enquanto caminha na esteira em casa.
A adoção dessas estratégias está diretamente ligada à pressão por desempenho, segundo o psiquiatra Guilherme Spadini, professor da The School of Life.
Ele destaca que o principal risco dessa busca constante por produtividade é o estresse cognitivo, pois o excesso de cortisol no corpo pode levar a alterações físicas no cérebro.
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O resultado é um ciclo negativo: mais estresse, insônia, dificuldade de concentração e problemas de regulação emocional, que podem levar a quadros de ansiedade e depressão.
A neurocientista Thaís Gameiro aponta que realizar duas atividades ao mesmo tempo, como responder e-mails enquanto caminha na esteira, na verdade exige mais esforço do cérebro.
"Não conseguimos executar duas tarefas simultaneamente", afirma. Ela explica que o cérebro alterna rapidamente entre as tarefas, o que exige mais esforço e consome mais energia.
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Quando cada intervalo é preenchido com alguma tarefa, o cérebro perde o tempo de ócio e descanso que precisa para se regenerar.
A verdadeira otimização consiste em simplificar a vida, liberando tempo e energia para o que realmente importa: foco, criatividade e, principalmente, descanso.
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