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Política

A terra de Osmar

Como tais figuras emergiram repentinamente do limbo intelectual e inseriram o país em uma pauta disfuncional de realidade distópica?

Bruno Hoffmann

28/06/2021 às 10:12

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Nilton Cesar Tristão é cientista político

Nilton Cesar Tristão é cientista político | Divulgação

Diante do espetáculo de Dramma Giocoso que transformou a nação em um grande palco a céu aberto e os brasileiros em personagens tragicômicos, podemos destacar vários atores coadjuvantes, contudo, dois protagonistas exerceram papel central na definição do enredo e seus lapsos temporais conflituosos. O primeiro refere-se ao astrólogo Olavo de Carvalho, incumbido pela vocalização intempestiva e histriônica que confere ao bolsonarismo a linearidade discursiva da dramaticidade melancólica. Em segundo lugar encontra-se o Deputado Federal Osmar Terra, que exerce o sexto mandato como representante do Estado do Rio Grande do Sul, e que aparentemente desempenhou o papel de responsável por inserir a concepção de práxis sanitária como contexto epistêmico na definição de conhecimento real e verdadeiro destinado aos embates e entraves políticos. A dúvida atroz reside no seguinte questionamento: como tais figuras emergiram repentinamente do limbo intelectual e inseriram o país em uma pauta disfuncional de realidade distópica?

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Possivelmente, desde o dia primeiro de janeiro de 2019 já estavam motivados a confeccionar a releitura do “Admirável Mundo Novo”, romance escrito por Aldous Huxley e publicado em 1932, onde a regra era a uniformidade de um povo privado de linguagem crítica e comportamento plural, incapaz de refletir a respeito do tangível, todavia feliz com sua sina, sentimento compartilhado pelo neurocientista Michel Desmurge, autor do livro “A fábrica de Cretinos Digitais”. Também, segundo o sociólogo Italiano Domenico de Masi, “quando o país é comandado por pessoas tão tacanhas, a tendência é o rebaixamento geral do nível cognitivo da sua população”. A coluna “Opinião” do Jornal El País, redigida por Rosana Pinheiro em 21/06/21, alude em um de seus trechos a seguinte observação: “em primeiro lugar, estamos todos de acordo que a raiva e o ressentimento são dimensões fundamentais do bolsonarismo, mas não se sustentam sozinhas. Outra parte estruturante das emoções que tendemos a ignorar é tudo aquilo que vem da aspiração individual como projeto”.

De certa maneira, a chegada de Jair Bolsonaro ao comando da Presidência da República refletia a possibilidade de ascensão ao brasileiro para além das mobilidades sociais recorrentes das convenções sindicais. Significava a pretensão de edificar um lugar onde os trabalhadores pudessem elaborar e executar projetos distintos de evolução econômica baseados nas iniciativas empreendedoras e amparados por agendas verdadeiramente reformistas. Entretanto, Olavo de Carvalho e Osmar Terra dotaram o bolsonarismo de contornos de movimento vintage, justamente no momento em que objetivaram resgatar a sinestesia da narrativa do fraudulento Plano Cohen de 1937; afora a reconstrução conceitual da efervescência psicodélica da marcha da família com Deus pela liberdade de 1964.

Ainda, movidos pela profunda ignorância em geopolítica, elencaram os chineses como inimigos ideológicos, sem compreenderem que o comunismo de Xi Jinping tornou-se o principal potencializador da nova revolução capitalista e tecnológica mundial, sendo que a nova rota da seda constitui-se na maior quantidade de investimentos contínuos destinados aos países de terceiro mundo ou em desenvolvimento. Em resumo, Jair Messias elegeu-se prometendo a implantação de agenda modernizante, mas no exercício do poder agarrou-se a princípios anacrônicos e superados, transmutando-se em um governante saudosista de épocas arcaicas pela progressão linear do passado.

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