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São Paulo tem muitas São Paulos em si. As gritantes diferenças sociais na capital paulista (e em todo o Brasil) é algo óbvio, infelizmente. Mas a realidade fica ainda mais dura quando há a confirmação dos nossos absurdos publicados em estudos oficiais. De acordo com o Mapa da Desigualdade da Rede Nossa São Paulo, divulgado nesta semana, a maior metrópole brasileira é ainda mais desigual do que parece.
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Segundo o estudo, no bairro de Moema, na zona sul, a expectativa de vida da população é de mais de 80 anos - muito semelhante a níveis da Dinamarca. Já na Cidade Tiradentes, na extrema zona leste, esse número foi de 57,3 anos - pouco mais que um morador da Somália. A distância física entre os dois bairros é de cerca de 30 quilômetros, mas, como Dinamarca e Somália, parecem continentes diferentes.
Há situações semelhantes em todas as periferias da Capital. Em Marsilac, na extrema zona sul, uma garota adolescente tem 54 vezes mais chance de engravidar do que as jovens de Moema. Enquanto isso, o governo federal inventa um inimigo chamado "ideologia de gênero", para tentar impedir que pré-adolescentes tenham educação sexual nas escolas. E, diga-se, com uma certa simpatia do governador João Doria (PSDB).
Ser morador da periferia em São Paulo é muito perigoso. Ser mulher também é, seja na periferia ou em regiões mais centrais. O estudo mostra que a violência contra a mulher cresceu na capital paulista. De acordo com o levantamento, com dados de 2018, os feminicídios aumentaram 167% em toda a cidade em comparação com 2017 (de 97 casos para 259), e as ocorrências de violência, 51%. Os distritos da Sé e Barra Funda concentram as maiores taxas de ocorrência de ambos os
indicadores.
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Para a Rede Nossa São Paulo, a concentração de casos desse tipo de violência em distritos da região central deve-se também ao fato de haver mais serviços de denúncia e acolhimento nessas áreas. É importante destacar que boa parte dos casos ainda não chega a ser denunciado, ficando sem registros oficiais.
A função dos governos, seja de qual ideologia for, é principalmente a de tentar diminuir as diferenças sociais e dar mais oportunidades para todos. Não se pode aceitar que na cidade mais rica da América do Sul se aceite que em um bairro inteiro os cidadãos não tenham expectativa de chegar aos 60 anos. Os paulistanos não devem achar natural viver em um sistema de castas informal.
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