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Opinião

As questões do Parque Minhocão

Matheus Herbert

23/02/2019 às 01:00

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A principal novidade desta semana na Capital é o anúncio do prefeito Bruno Covas (PSDB) de fechar o elevado João Goulart, o Minhocão, aos automóveis e transformar os 3,4 quilômetros da via em um grande parque público suspenso aberto à população. Caso seja concretizada, a criação do Parque Minhocão é uma tentativa do prefeito de dar uma digital progressista à sua gestão e uma forma de oferecer uma obra atrativa em busca da reeleição no próximo ano.

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Por outro lado, ele deve perder votos dos opositores da proposta, pelo impacto que uma mudança desse tamanho poderia causar ao trânsito da maior cidade da América Latina - uma crítica que merece registro, em um lugar onde os motoristas perdem, em média, 2 horas e 43 minutos diárias na vias, de acordo com Pesquisa da Rede Nossa São Paulo publicada em 2018. É um risco que passam os gestores que buscam desenvolver metrópoles um pouco menos embrutecidas, e um alerta para o município investir de forma mais inteligente e eficiente em transporte público.

O Minhocão foi idealizado pelo prefeito José Vicente Faria Lima no início da década de 1960, mas a ideia logo foi engavetada pelas críticas recebidas. O então prefeito Paulo Maluf retomou a proposta duas décadas depois, e entregou a obra em 1971. A via melhorou o trânsito entre o centro e a zona oeste, mas causou um enorme impacto negativo na paisagem urbana do entorno. Os edifícios elegantes de bairros da zona oeste se desvalorizaram brutalmente, causando degradação e aumento da violência por onde o Minhocão passa.

A estrutura logo começou a ser vista com antipatia por boa parte dos moradores. "Basta dizer que, cerca de cinco anos após sua construção, já havia proposta de demolição", diz Manuelito Pereira Magalhães Jr, ex-secretário Municipal de Planejamento do Município de São Paulo.

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Agora, com a proposta de Bruno Covas, a gestão municipal tem outro desafio: que a inevitável revalorização dos imóveis não expulse os moradores atuais, que tiveram que suportar a poluição e a barulheira dos carros durante décadas para morar numa região mais central da cidade. Só assim o Parque Minhocão (e os moradores dos edifícios ao seu redor) se tornará um símbolo de um espaço realmente democrático na cidade, e não mais um local chique-descolado comandado pela especulação imobiliária.

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