Editorial
Podia ser mais um capítulo do seriado global "A Grande Família", mas é o que tem se tornado a política brasileira nos últimos meses.
Uma troca de farpas e provocações entre o clã dos Bolsonaros e o vice-presidente Hamilton Mourão.
No último episódio, Mourão disse "quando um não quer, dois não brigam", se referindo ao post no Twitter em que o vereador do Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro acusa o vice- presidente de estar alinhado com políticos da oposição, como o ex-deputado Jean Wyllys (Psol).
Na terça-feira, o Bolsonaro pai havia colocado um ponto final na história, mas mesmo assim, o vereador continuou com suas postagens polêmicas. Carlos publicou um vídeo em que o vice comenta que a população civil venezuelana, que é, segundo Mourão, oposição ao ditador Nicolás Maduro, "tem que estar" desarmada como está porque senão haveria uma guerra civil no país.
Junto com o vídeo, ele comentou que "o quanto querer ser livre e independente parece ser a maior crueldade para alguns", escreveu. O próprio presidente teria sido vítima da fúria do filho, como relatou o colunista Guilherme Amado, da revista "Época". Bolsonaro ficou três dias sem postar na sua rede social favorita porque o filho Carlos não teria passado a senha do Twitter para o próprio pai, o que seria uma espécie de represália após discussão no domingo de Páscoa. Bolsonaro só voltou a postar na quarta-feira.
Interlocutores do governo tentam minimizar a situação, mas a briga entre o filho do presidente e o vice-presidente não pega bem para o País e não pode ganhar mais espaço no governo do que a agenda econômica e a votação da reforma da Previdência, por exemplo.
Oficiais generais que fazem parte do governo defendem que o ideal seria o presidente declarar que o filho tem direito à sua opinião, mas que ela não reflete o que pensa o pai. Essa semana em nota oficial, Bolsonaro chegou a criticar o guru de Carlos, o professor e filósofo, Olavo de Carvalho, mas não se pronunciou sobre o filho. Bolsonaro precisa administrar o País, tomar decisões importantes que afetam todas as famílias brasileiras. Questões internas, brigas pessoais e quiproquós que levam a nada não podem ser pautas da imprensa dia após dia, e tomar lugar de outras discussões muito mais relevantes e urgentes para o País.
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