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Bolsonaristas trancam rodovia contra a eleição de Lula | Pedro Ladeira/Folhapress
Na letra da música Orgasmatron, escrita por Lemmy Kilmister, o lendário baixista, vocalista e fundador da banda de rock inglesa Motörhead, podemos encontrar as seguintes passagens: “Eu sou o escolhido... Minha imagem é de agonia... Hipocrisia fez a superioridade, paranoia fez a lei... Eu distorço a verdade... Eu sou o imperador das mentiras... Todas as minhas promessas são mentiras, todo meu amor é ódio... Seguro uma bandeira encharcada de sangue... Eu te conduzo ao seu destino... Eu te conduzo ao seu túmulo... Eu te derrubarei”. Praticamente uma profecia lançada em 09 de agosto de 1986 que detém a clarividência de antecipar a narrativa desenvolvida pela campanha à reeleição de Jair Bolsonaro e ao mesmo tempo se transformar no mantra de negação da vitória de Lula.
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Por isso, para compreendermos os atos dos antipartisans que bloquearam estradas e agora se encaminham à frente de quarteis militares clamando por ruptura institucional, utilizaremos como modelo de análise o estereótipo mental de Eric Cartman, o personagem do desenho animado de South Park que representa um garoto impulsivo, manipulador, preconceituoso e egocêntrico, hábil em adulterar a realidade e romper fronteiras morais para satisfazer desejos pueris de autoafirmação e ilusões de grandeza. Ou seja, a imposição da felicidade particularizada direcionada à aniquilação do imperativo categórico de convívio harmônico numa sociedade plural.
Portanto, para que o Brasil não se converta numa enorme “Cartmanlândia”, vamos rememorar Karl Popper quando proferiu: “... a tolerância ilimitada até aqueles que são intolerantes, se não tivermos preparados para defender uma sociedade tolerante contra o ataque dos intolerantes, os tolerantes serão destruídos e a tolerância será destruída com eles”. Caso contrário, sofreremos as agruras oriundas de manifestações coletivas de demência, uma patologia que possibilitou a histeria ocorrida no pogrom da “Noite dos Cristais” na Alemanha nos idos de novembro de 1938.
No livro a Razão Cativa, Sergio Paulo Rouanet diz: “... a memória incontrolada deforma a consciência... levando-a a descobrir perigos irreais... aquilo que o Ego percebe não é o presente, mas o passado... o interior irreal e imaginário...”. Em outros termos, a sacralização da percepção soberba e do culto ao fetichismo elevados à condição de fonte inspiradora do projeto de sociedade.
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“O ideal do Ego, uma das dimensões do superego é estrotejado e se personifica no líder, que passa a representar a soma das perfeições que o Ego narcisista encontrava em si mesmo”. Em síntese, quando ficar evidente que o país não adotará o regime comunista, a liberdade religiosa continuará preservada e as igrejas e templos permanecerem abertos, além da ausência de banheiros unissex nas escolas públicas, qual será a conduta dos arautos ensandecidos que pregaram o iminente abismo que a vitória petista traria? Será que a elite econômica nacional altamente tecnológica, moderna e exportadora manterá o apoio aos extremistas, correndo o risco de ser associada ao anacronismo semântico e ao neofascismo militante ou procurará opções moderadas em figuras tais como: Tarcísio de Freitas e Romeu Zema? Assim, o campo da centro-direita democrática, para subsistir enquanto força política e tornar-se protagonista no contraponto ao governo do Presidente Lula, terá que se dissociar da imagem do radicalismo inconsequente, evidenciando a inexistência de compatibilidade simbiótica entre os organismos do conservadorismo moderado e do bolsonarismo.
*Nilton C. Tristão*
*Cientista Político*
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