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Opinião

E o Brasil pega fogo

25/05/2019 às 01:00

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Parece que a lua de mel acabou. Quando ainda era candidato, Jair Bolsonaro gostava de se gabar dizendo que não entendia de administração econômica e que sobre o tema quem poderia responder ou dizer o que seria feito era Paulo Guedes.

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Após cinco meses de governo, no entanto, o que o próprio Bolsonaro chamou de "casamento" pode estar abalado. Esta semana, em entrevista à revista "Veja", o ministro da Economia ameaçou se aposentar e deixar, não só o cargo, mas o País, caso tenha que aprovar o que apelidou de "reforminha" da Previdência. O diminutivo seria o nome dado para uma versão desidratada do texto proposto pelo governo, e que não implicaria no corte de gastos de R$ 800 bilhões. O valor é citado por Guedes como o mínimo a ser poupado, caso contrário "o Brasil pega fogo".

As falas apocalípticas de Guedes poderiam ser interpretadas como ameaças aos parlamentares que detêm o poder de decisão e a quem cabe mudar ou aprovar o texto da Previdência como está. Mas o alarde caiu como uma bomba na cúpula do governo, já tão abalada pelo disse e desdisse que marcam o jeito Bolsonaro de ser.

Não demorou muito e o presidente, acostumado a não usar meias palavras, respondeu as falas do ministro a altura: "Ninguém é obrigado a ficar como ministro meu". Ainda na entrevista, Guedes tratou de colocar panos quentes e reiterou que não será "irresponsável e inconsequente". Porém, somente o fato do ministro, que é principal responsável pelo o que o governo elegeu como mote, declarar que se a reforma não for aprovada ele "arruma as malas", é mais uma demonstração de um governo desestruturado e que parece agir no improviso.

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Ao formar seu corpo de ministros, Bolsonaro fez questão de afirmar que não ia se curvar a acordos de partidos políticos e colocou ao seu lado parte de uma cúpula militar e outra parte que agradasse a ala do guru Olavo de Carvalho. Polêmica atrás de polêmica já fez com que dois ministros caíssem: Gustavo Bebianno, ministro chefe da Secretaria-Geral da Presidência, e Ricardo Vélez, da Educação. Se Guedes será a terceira baixa do Planalto, não se sabe ainda. Prever algo deste tipo pode até ser interpretado como mau agouro, pois o País vive um momento crucial. Decisões importantes têm que ser tomadas para a economia voltar a crescer, e a reforma da Previdência é o fio de esperança do governo. Não é o melhor momento para declarações precipitadas e inconsequentes, e muito menos para mais um entrevero. Todos os "casais" têm problemas e para resolvê-los é preciso cooperação. Os dois lados têm que estar dispostos a abrir mão de parte de suas convicções para chegar a um consenso. Sem diálogo entre o governo e o Congresso, e sem harmonia dentro do Planalto, as previsões de Guedes podem se cumprir - e não vai ter bombeiro que apague esse incêndio.

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