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A crise econômica vai a cada dia mostrando a sua face mais cruel. O reflexo é o que se pode ver nas ruas. São mais de 13 milhões de desempregados e, com isso, o trabalho informal só cresce. Outra consequência é a chamada "uberização" dos serviços, quando o trabalhador em busca de autonomia vira dono do próprio negócio, sem ter carga horário definida e nem direitos garantidos. Como consequência, se trabalha cada vez mais e se ganha cada vez menos.
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Nessa lógica, podemos incluir como categoria os caminhoneiros autônomos. Os mesmos que esta semana receberam um crédito de R$ 500 milhões do governo Bolsonaro. São profissionais que antes prestavam serviços para transportadoras e, após incentivos do governo e da Lei 11.442, de 2007 (que criou a figura do transportador autônomo), conseguiram ter seu caminhão e, assim, serem donos do próprio negócio.
Foi esse cenário que se desencadeou a greve da categoria que parou o País em maio do ano passado. Endividados, não conseguindo pagar os veículos próprios e com o preço do combustível oscilando de maneira aterrorizante, eles cruzaram os braços e conseguiram chantagear o governo, que subsidiou o congelamento do valor do diesel.
O preço disso foi a Petrobras aumentar a gasolina nas refinarias e o consumidor pagar mais caro nas bombas. E agora, exatamente um ano depois, a Petrobras anuncia um reajuste de 5,7% no preço do óleo diesel, o que afetaria diretamente o setor de transporte de cargas e os caminhoneiros autônomos.
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Temendo uma nova greve, o presidente Jair Bolsonaro interveio na decisão da Petrobras e ofereceu a verba que os caminhoneiros chamaram de esmola. Cada caminhoneiro terá direito a uma linha de crédito de até R$ 30 mil, o que segundo eles, não dá nem para trocar os pneus.
As medidas de Bolsonaro tentam evitar uma nova greve. É evidente que ninguém quer passar mais uma vez por uma crise de desabastecimento, mas chama a atenção a prioridade que o governo está dando a uma categoria específica em detrimento de tantas outras que sofrem as consequências da crise econômica.
Sim, as reivindicações dos caminhoneiros são justas, mas um governo não pode agir sob pressão. É importante ouvir as demandas de toda a classe trabalhadora e tomar medidas efetivas para reerguer a economia do País. Não adiantou congelar o diesel e nem vai adiantar o crédito de R$ 30 mil. Os brasileiros se solidarizaram com a causa dos caminhoneiros no ano passado, mas neste ano todas as causas parecem ser urgentes.
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