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Museu da Memória do Bexiga reabre com história do bairro e do Carnaval

Bruno Hoffmann

Publicado em 19/02/2019 às 01:00

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O aspecto ainda é o de um depósito abandonado, um lugar onde a memória se escondeu para morrer quietinha. Mas, aos poucos e com muito esforço, a poeira vai sendo expulsa do casarão - e um pedaço da história de um dos bairros mais icônicos de São Paulo poderá receber visitas outra vez. Depois de mais de uma década sem uma programação regular, com usos apenas esporádicos, o Museu Memória do Bexiga (Mumbi) reabriu neste fim de semana suas portas ao público.

De início, o imóvel número 118 da rua dos Ingleses funcionará apenas aos fins de semana - e sem cobrar entrada. A partir de agora o museu abrigará duas exposições: uma sobre os carnavais do Bexiga (com fantasias, fotos e materiais da escola de samba Vai-Vai e de blocos que fizeram a fama do bairro, como os Esfarrapados) e outra sobre a história do tradicional Bolo do Bexiga.

Após o Carnaval, uma exposição sobre o futebol de várzea do bairro também deve movimentar o museu. "O bairro inteiro é um museu. Nós queremos funcionar apenas como um epicentro disso: o museu das pessoas simples que escreveram a história do Bexiga", diz um dos fundadores do Mumbi, Paulo Santiago de Augustinis, de 72 anos.

Entre uma série de raridades, o museu tem objetos do compositor Adoniran Barbosa, sapatos da cantora Carmen Miranda, fantasias e adereços da Escola de Samba Vai-Vai, fotos do início do bairro e dos primeiros imigrantes, correspondências de prisioneiros de guerra e muita memorabilia de gente comum - de sapateiros, barbeiros, ferreiros e parteiras. "Estamos tirando essa cara de depósito e começando a arrumar a casa", avisa o diretor do espaço Diego Rodrigues Vieira, de 29 anos.

Nos anos de 1920, o casarão foi a residência de um italiano sem herdeiros. Ao morrer, o imóvel transformou-se em patrimônio da União. Sem destinação, não demorou para que fosse invadido por moradores de rua e traficantes. Só no início dos anos 1980, quando a casa estava novamente vazia, ela foi reocupada por aquele que atuou a vida inteira como "embaixador", agitador cultural e historiador autodidata do bairro do Bexiga: Armando Puglisi, o Armandinho do Bexiga.

Armandinho morreu em 1994. O museu ficou abandonado e, de novo, foi invadido. A partir de 2015, a associação reassumiu o lugar e amadureceu a ideia de uma reabertura. Hoje, o grupo que administra o museu tem a posse provisória do casarão. Os trâmites para aquisição definitiva estão em andamento. (EC)

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