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Política
No último sábado (9), foi assassinado, por motivação de intolerância política, o petista Marcelo Aloizio de Arruda, tendo por algoz um bolsonarista inflexível
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O militante petista Marcelo Aloizio | Arquivo Pessoal
Há milênios, os seres vivos que habitam o planeta Terra utilizam seus instintos vitais para tentar, obstinadamente, obter as fontes de energias presentes na forma de nutrientes, com a finalidade de garantir sua própria sobrevivência, além de dedicar-se à reprodução, sexuada ou assexuada, para perpetuar a espécie. Contudo, algo de espetacular aconteceu ao gênero humano no exato momento em que resolveu acrescentar à lista de preservação, a imprescindibilidade do trabalho árduo e disciplinado, como mecanismo de ordenamento e coesão do tecido social, do mesmo modo que incorporou a perseguição incansável ao conhecimento sistematizado e devidamente corroborado.
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Nesse processo, os antepassados abdicaram das oportunidades infindáveis e eternamente devotadas aos prazeres alimentícios e sexuais, para se focarem nos esforços de aprimoramento das capacidades cognitivas e aos empreendimentos laborais, circunstâncias que os alçaram ao topo da cadeia alimentar e que garantiu sua hegemonia perante o universo resultante.
Sucintamente, deste instante e doravante, foram lançados os princípios que edificaram o conceito de humanização, uma ideia tão poderosa que modificou integralmente a nossa essência e de todo o meio que nos rodeia. Tratou-se de um longo e doloroso percurso, elucidado pela ciência, mistificado pelas crenças religiosas e poetizado pela literatura, uma evolução ocorrida sobre a égide da dialética continuada.
Até mesmo na forma de povos, conseguiram incorporar em diversas épocas do transcurso histórico a confabulação como recurso à formulação de consensos e facilitador na harmonização dos conflitos, em detrimento do uso coercitivo da força bruta e predatória. Todavia, os monstros que sempre residiram na essência rudimentar da ancestralidade, permanecem habitando o espírito do homem moderno e, no decorrer dos tempos, retornam para testar a força da civilidade e, consequentemente, assombrar as consciências clarificadas por séculos de pensamento filosófico.
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Portanto, pode-se afirmar que o desenvolvimento ontológico percorre ciclos perenes de avanços e retrocessos que alimenta, transforma e desperta a sua natureza mais arraigada. Assim, nazismo, fascismo e franquismo podem ser usados como exemplos da autonomia passageira de selvageria recorrente. Vale a pena relembrar que acadêmicos alemães como Philipp Lenard e Johannes Stark, lideraram na década de 1940, campanhas difamatórias contra Albert Einstein, a partir de meras convicções ideológicas baseadas na supremacia ariana.
Infelizmente, movimentos similares vêm acontecendo no mundo de hoje, inclusive em solo brasileiro. Nesse sábado, 09 de julho de 2022, foi assassinado, por motivação de intolerância política, o Guarda Municipal de Foz de Iguaçu Marcelo Aloizio de Arruda, tendo por algoz um bolsonarista inflexível à possibilidade de coabitar em uma sociedade fundamentada no enaltecimento das diferenças, do respeito à soberania alheia e pautada por meio da prática do contraditório amplo, mediada por instituições sólidas e pertencentes ao Estado Democrático de Direito. Ou seja, diante do ressurgimento de tantas mentes corrompidas, apenas com a mobilização e o esforço conjugado de todos os setores iluminados da sociedade será possível impedir os planos do mal que se aproxima, pois o cidadão contemporâneo tornou-se testemunha ocular e militante no embate entre automutilação cultural X libertarismo.
A derrota do segundo significará a imposição de muitas primaveras cinzentas e quase nenhuma atividade emancipadora. O lado correto será o de seguir os sentidos que outrora subjugaram e estabeleceram amarras ao primitivismo comportamental.
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