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Memórias de Porto Feliz

O Regente Feijó na Vila de Porto Feliz

Padre conhecido na história do Brasil por sua atuação no governo imperial do país, período da menoridade do Imperador D. Pedro II

Maria Eduarda Guimarães

19/08/2022 às 12:43  atualizado em 19/08/2022 às 12:55

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Padre Diogo Antônio Feijó, Regente Feijó, foi um dos maiores vultos da história do Brasil.

Padre Diogo Antônio Feijó, Regente Feijó, foi um dos maiores vultos da história do Brasil. | Domínio público

A foto mostra o Padre Diogo Antônio Feijó – Regente Feijó -, um dos maiores vultos da história do Brasil. Feijó nasceu em São Paulo no dia 18 de agosto de 1784 e faleceu naquela cidade no dia 10 de novembro de 1846, aos 62 (sessenta e dois) anos de idade. Ficou conhecido na história do Brasil como Regente Feijó por sua atuação no governo imperial do país, em determinado período da menoridade do Imperador D. Pedro II. Foi sacerdote da Igreja Católica e estadista brasileiro, considerado um dos ícones do Partido Liberal.

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Feijó foi um grande contestador do celibato dos padres, fato que o colocou em atrito constante com a Igreja. Foi também professor de história, geografia e francês. Em seu primeiro cargo político foi vereador em Itu e, depois, foi deputado por São Paulo às Côrtes de Lisboa, mas abandonou a Assembleia antes da aprovação da Constituinte.

O Regente Feijó foi o maior adversário político dos irmãos Andrada (José Bonifácio e Martim Francisco) com os quais jamais se entendeu. Era defensor da descentralização e de políticas liberais e, por isso, também enfrentou conflito com a própria Igreja.

Na época da fundação da Loja Maçônica Intelligência, isto é, a 19 de agosto de 1831, Feijó havia sido empossado no Ministério da Justiça, fato ocorrido no dia 06 de julho de 1831, e a sociedade brasileira vivia o terror do abismo e da anarquia, decorrente da abdicação do Imperador D. Pedro I, ocorrida no dia 07 de abril daquele ano. Nesse tempo os maçons se reorganizaram e reinstalaram o Grande Oriente Brasileiro, em 23 de novembro de 1831, formado pelas Lojas União, Vigilância da Pátria e Sete de Abril.

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A elas se juntaram, mais tarde, a Loja Razão de Cuiabá e a Loja Intelligência de Porto Feliz, que assim o fizeram por iniciativa de João Baptista Lobo de Oliveira, fundador da Loja Intelligência e antigo obreiro da Loja Razão. Não há provas definitivas de que o Regente Feijó tenha sido iniciado nos augustos mistérios da Arte Real pela Loja Intelligência da Vila de Porto Feliz, mas há fortes indícios de que esse fato realmente aconteceu.

O Professor Pedro Brasil Bandecchi, Bacharel em Ciências Jurídicas e Doutor em história pela Universidade de São Paulo, em seu livro “A Bucha, A Maçonaria e o Espírito Liberal” narra, com o brilho de sempre, a participação da maçonaria no processo da Independência do Brasil e sua presença em São Paulo, na luta pela abolição dos escravos e pela república.

Diz o notável historiador que o Padre Diogo Antônio Feijó começa a aparecer na história da maçonaria no momento da fundação da Loja Intelligência, o que prova que ele se iniciou quando, saindo do Ministério da Justiça, cargo em que tão importantes serviços prestou à Nação Brasileira, veio para São Paulo onde permaneceu até maio de 1833.

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Nessa época, enquanto as tratativas políticas estavam acirradas no Rio de Janeiro, pouco se sabe do que Feijó estaria fazendo em São Paulo. O historiador Otávio Tarquínio de Souza, sempre minucioso em suas considerações, não acompanhou os passos de Feijó.

O historiador Novelli Júnior também é parcimonioso no que se refere à viagem de Feijó a São Paulo, preocupando-se mais com sua eleição para o Senado. Todavia esse historiador arrisca dizer que sobrando a Feijó algum tempo entre as agitações da vida política, costumava ele se refugiar no sossego e na quietude da Vila de Itu, e que para lá deve ter sido o seu rumo após os agitados movimentos políticos verificados no dia 30 de julho.

Dizem, pois, os historiadores, que nesse tempo em que esteve na Província de São Paulo, Feijó foi iniciado na maçonaria pela Loja Intelligência da Vila de Porto Feliz. A rivalidade política entre Feijó e os irmãos Andrada era notória. José Bonifácio já era maçom há alguns anos e ocupava, nesse tempo, o elevado cargo de Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil na cidade do Rio de Janeiro, onde desfrutava do imprescindível apoio dos maçons.

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Feijó era um político ágil e perspicaz. Não perderia, jamais, a oportunidade de arregimentar novas forças para vencer as contendas políticas que enfrentaria nos bastidores do Império. Por essa razão é mesmo muito provável que sua iniciação maçônica tenha ocorrido na Loja Intelligência da Vila de Porto Feliz, pois José Bonifácio, por rivalidade política, lhe trancara as portas da Ordem no Rio de Janeiro.

Importante ressaltar que o Regente Feijó não chegou a frequentar os trabalhos da Loja Intelligência, onde foi iniciado, mas o fez na Loja Amizade da cidade de São Paulo, para onde se dirigiu antes de retornar ao Rio de Janeiro, capital do Império Brasileiro. Tempos depois, isto é, no ano de 1842, o Regente Feijó convocou seus irmãos maçons da Loja Intelligência da Vila de Porto Feliz, para que lutassem ao leu lado na Revolução Liberal.

José Rodrigues Leite, Luiz Antônio da Fonseca e Tristão de Abreu Rangel, membros do Quadro de Obreiros da Loja Intelligência, lutaram ao lado de Feijó e foram presos por uma Companhia Militar composta por 100 (cem) soldados fortemente armados, que invadiu a Vila de Porto Feliz no dia 21 de junho de 1842, liderada pelo Capitão Francisco de Paula Pereira de Andrade.

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Em 1842 a Vila de Porto Feliz integrava a 4ª Câmara das regiões sul e oeste paulista juntamente com Itu, Sorocaba, Piracicaba e Itapetininga. Era a região que mais produzia açúcar na Província de São Paulo e, também, uma das mais ricas e mais populosas. Registre-se, pois, que o Regente Feijó, um dos mais influentes políticos do Império Brasileiro, é mais um dos ilustres personagens da história do Brasil que pisaram o solo abençoado de Porto Feliz. Salve Terra das Monções / Tua gente varonil / Honrará tuas tradições / E a grandeza do Brasil!

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