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Prédio desaba em Gramado por causa do grande volume de chuvas | Bruno Stoltz/Prefeitura de Gramado
Todos os anos o ciclo se repete. As fortes chuvas trazem destruição e a dolorosa certeza de que ainda não estamos preparados para enfrentar as mudanças climáticas. Ruas alagadas, casas arruinadas, vidas perdidas - cenas que se tornaram comuns, mas que não deveriam ser naturalizadas. Estamos em 2024 e ainda lidamos com tragédias anunciadas anualmente e que poderiam ser evitadas.
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2023 foi marcado como o ano mais quente da história. A temperatura média do planeta aumentou 1,48ºC, um sinal alarmante de que estamos nos aproximando dos limites estabelecidos pelo Acordo de Paris. A meta estabelecida pelo Acordo é evitar o aquecimento acima de 1,5ºC e zerar as emissões de CO2 até 2050, mas esses objetivos parecem cada vez mais distantes. Se não agirmos agora, o ponto de não retorno será inevitável e os eventos extremos só irão aumentar, como já apontaram os estudos do IPCC (Painel Intergovernamental para a Mudança do Clima).
Olhando especificamente para o nosso Estado, o litoral paulista sofre drasticamente as consequências. Segundo estudos da USP, o mar já subiu 20 cm no litoral paulista desde 1950, e a ONU apontou que cidades como Santos podem perder mais de 5% de sua área habitável até 2050.
Infelizmente, o governo do Estado de São Paulo tem falhado em adaptar-se às mudanças climáticas. Com planejamento, investimento e estratégias preventivas adequadas, centenas de mortes teriam sido evitadas. É inaceitável que o governo estadual tenha usado menos da metade da verba destinada ao combate às enchentes em 2023. O cenário se repete na Prefeitura de São Paulo: R$405 milhões deixaram de ser investidos para prevenção de enchentes no ano passado. Como tais recursos, obras de drenagem eficientes e para o incremento da arborização das vias urbanas, medidas fundamentais para diminuir os impactos das chuvas, poderiam ter sido realizadas.
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Os especialistas já nos alertavam: eventos extremos serão mais frequentes. Não dá mais para jogar a culpa na “variação das condições climáticas”. O poder público precisa agir com planos de adaptação climática, sistemas de alerta e treinamento à população que vive nas áreas de risco. É hora do estado de São Paulo decretar Emergência Climática, como prevê o meu projeto de Lei em tramitação desde 2021. É fundamental olhar atentamente para o impacto das chuvas na vida da população mais vulnerável, que é, sem dúvidas, a mais afetada.
As eleições municipais deste ano são uma oportunidade para exigirmos dos candidatos propostas concretas para lidar com esta crise. Não se trata de alarmismo, mas de reconhecer a realidade que enfrentamos. Proteger as pessoas e mitigar os efeitos da crise climática precisa ser prioridade. É isso que está faltando em São Paulo.
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