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Turco é preso em SP após pedido de presidente da Turquia

País pediu a extradição de um turco naturalizado brasileiro, acusando-o de ser membro de uma organização terrorista

Matheus Herbert

Publicado em 26/04/2019 às 01:00

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Ali Sipahi, 31 anos, está preso preventivamente desde 6 de abril, enquanto o pedido de extradição é analisado pelo Supremo / / DIVULGAÇÃO/CENTRO CULTURAL BRASIL-TURQUIA

A Turquia pediu a extradição de um turco naturalizado brasileiro, acusando-o de ser membro do Hizmet - organização do clérigo muçulmano Fethullah Gülen, desafeto do presidente Recep Tayyip Erdogan e considerado terrorista por seu governo.

Ali Sipahi, 31, está preso preventivamente desde 6 de abril, enquanto o pedido de extradição é analisado pelo Supremo Tribunal Federal. Ele é dono de um restaurante em São Paulo, vive no Brasil desde 2007 e tem um filho nascido no País. Se for condenado na Turquia, pode receber uma pena de 7,5 anos a 15 anos de detenção.

Sua prisão despertou temor entre imigrantes turcos, que veem o pedido de extradição como parte de uma campanha de perseguição conduzida por Erdogan contra opositores. Alguns decidiram deixar o Brasil, com medo de serem o próximo alvo.

Fethullah Gülen, que hoje vive exilado nos Estados Unidos, já foi aliado de Erdogan, até que passou a ser visto como uma ameaça e foi acusado pelo presidente de planejar uma tentativa frustrada de golpe contra ele em 2016. Sipahi é acusado pela procuradoria de Ancara de ser membro da organização do clérigo por ter conduzido atividades no Centro Cultural Brasil-Turquia (CCBT) e na Câmara de Comércio e Indústria Turco-Brasileira (CCITB).

Criadas em 2011, as duas instituições promovem parcerias empresariais e intercâmbio cultural entre brasileiros e turcos. Ambas são, de fato, ligadas ao Hizmet, movimento presente em diversos países e mais conhecido por suas escolas. Mas, segundo seus seguidores, são uma organização pacífica.

Desde 2016, Erdogan empreende um expurgo contra simpatizantes do Hizmet, que inclui, segundo a ONU e ONGs internacionais, a demissão ou prisão de centenas de milhares de juízes, professores e outros funcionários públicos, sob a acusações de terrorismo.

Segundo a defesa, seu caso é o primeiro do tipo no Brasil. Ancara cita como suposta evidência um depósito feito por ele, entre 2013 e 2014, de 1.721,31 liras turcas (cerca de R$ 1.168) no banco Asya, que Erdogan fechou em 2015 por ser ligado a gulenistas. Em 2018, a Justiça turca decidiu que correntistas desse banco podem ser considerados membros do Hizmet e, portanto, terroristas. A defesa de Sipahi alega que se tratava de um banco convencional.

A lei brasileira permite extraditar um cidadão naturalizado, desde que ele seja acusado por um crime comum (que não seja político ou de opinião) cometido antes da naturalização. Sipahi se naturalizou em 2016. (FP)

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