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Opinião

Caminho sem volta

Em meio a decisões políticas que atendem a interesses de poucos, a única certeza que se tem é que a doença não vai embora do dia para a noite

Bruno Hoffmann

13/06/2020 às 01:00  atualizado em 15/06/2020 às 10:16

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- | Gazeta de S.Paulo

Atendendo aos clamores de comerciantes, sob pressão política, e contraditoriamente dizendo-se baseado em dados sanitários, o governador João Doria (PSDB) anunciou a reabertura gradual e heterogênea do comércio em São Paulo, estado que concentra sozinho 1/4 das mortes por coronavírus no país, 10 mil.

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O anúncio resultou em milhares de pessoas indo ao mesmo tempo e para os mesmos lugares fazer compras, no momento em que o recomendado é o isolamento social. Primeiro no Interior, onde apesar do avanço da doença os moradores se comportam como se não estivéssemos em meio a uma pandemia, e depois na Capital.

As ruas dos bairros como Brás e a região da 25 de Março amanheceram abarrotadas de gente. Parte eram comerciantes que buscavam repor as mercadorias de suas lojas para reabertura, mas havia muita gente que não precisava estar ali. Mesmo com um controle aparente na entrada, foi impossível evitar aglomerações. A longo prazo, o resultado pode ser um aumento explosivo de casos, o que acarretaria em falta de leitos em hospitais para o tratamento de pacientes com a Covid-19.

Se no primeiro momento a preocupação era conter a curva de contágio, quase quatro meses depois do início de uma desrespeitada quarentena a questão é fazer com que o estado e a economia não quebrem, nem que para isso milhares tenham que se contaminar com a doença e morrer. Doria não fez o discurso cruel de Bolsonaro, no qual afirmava que "é o destino de todo mundo", mas com a reabertura do comércio e a flexibilização da quarentena a máxima é a mesma.

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Sem vacina e tratamento certeiro não tem outra solução a não ser conviver com o vírus. Os governos federal e estadual não fizeram sua parte para conter o avanço dos casos, e os que fizeram foi mal feito. O primeiro não garantiu o acesso amplo ao benefício social. Muita gente ficou de fora e não viu nem a cor dos R$ 600. Aliás, enquanto EUA e Europa auxiliam a população com valores equivalentes ao custo de vida, aqui o auxílio emergencial foi só para inglês ver. No que cabia ao governo estadual, manter o isolamento social e garantir o atendimento em saúde, o que se viu foi uma espetacularização com entrevistas, anúncio de medidas confusas e a doença avançando.

Em meio a decisões políticas que atendem a interesses de poucos, a única certeza que se tem é que a doença não vai embora do dia para a noite. Reabrir o comércio e tentar uma vida (quase) normal é um caminho sem volta. Agora é esperar para ver o quão trágica será essa decisão. 

 

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